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Felipe Diogo desafia cegueira para comentar jogos de futebol

Jornalista de São Bernardo não mede esforços e compensa sua deficiência com sensibilidade

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
13/12/2020 | 00:06
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DGABC


Neste domingo, 13 de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Cego. E em tempos cada vez mais inclusivos, é possível encontrar os deficientes visuais exercendo ou ocupando cargos difíceis de acreditar tempos atrás. Como é o caso do jornalista são-bernardense Felipe Augusto Diogo, 35 anos, que tem microftalmia (doença congênita na qual o globo ocular não se desenvolve). Há sete anos exerce a função de comentarista esportivo na Rádio Paraty FM, de São Bernardo. Também já participou de transmissões da webrádio STI e mantém um programa sobre inclusão na Rádio Teletema, de Lajeado-RS.

“Inclusão é uma palavra muito bonita, mas está muito distante de ser real. Um dos meus objetivos é este: seguir nas áreas de esporte e acessibilidade, informar questões sobre pessoas com deficiência, mostrar as dificuldades, a superação”, afirma ele, que também é formado em locução.

Costumeiramente sentado de cabeça baixa, empunhando o microfone próximo à boca e com seus fones de ouvido (preferencialmente nas cabines dos estádios 1º de Maio e Baetão), compensa o fato de não ver o jogo com a sensibilidade. Capta nas palavras do narrador, nas informações dos repórteres, nas emoções da torcida e nas reações dos presentes ao estádio todos os elementos para poder embasar – e bem – seus comentários.

“Tenho que chegar cedo, pegar as escalações, memorizar o máximo possível para quando o narrador chamar ter conteúdo para falar. Embora nunca tenha enxergado, tento imaginar o campo. Não tenho como anotar, então a cabeça é o meio de trabalho. Então as principais dificuldades são memorizar o que está acontecendo no campo. E como não tenho a visão, tem coisas que saem do alcance, como dizer se foi impedimento ou não, se foi pênalti ou não”, conta.

Antes de ser convidado por Antônio Eustáquio a participar do programa A Hora do Esporte da Paraty FM – primeiramente no estúdio e, depois, nas coberturas in loco nos estádios –, o jornalista admite que não pensava em seguir para a área esportiva. Entretanto, sete anos depois, já cobriu jogos da Copa Paulista, Paulistão das séries A-1, A-2, A-3 e Segunda Divisão, Copa do Brasil, e Brasileiro da Série D, ganhando até mesmo um quadro nas transmissões, chamado Ponto de Vista. Além disso tudo, Felipe Diogo também comentou um torneio de futebol de 5, praticado por pessoas com deficiência visual, para a Rádio APADV. 




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