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Muçulmanos da região se encontram para quebrar o jejum de alimentação

Jantar foi celebrado durante o Ramadã, mês sagrado islâmico

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
28/04/2022 | 08:21
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Claudinei Plaza/DGABC


O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico, segunda maior religião do planeta e praticada por cerca de 1,8 bilhão de pessoas. É considerado um período sagrado para os muçulmanos porque, segundo a prática religiosa, foi nesse mês que o Anjo Gabriel entregou os primeiros versos do Alcorão ao profeta Maomé. Durante esse período, os fiéis deixam de comer e beber no período que vai desde o nascer até o pôr do Sol. Para celebrar a quebra de jejum diária, o diretor executivo da empresa Cdial Halal, Ali Saifi, promoveu ontem um jantar para a comunidade muçulmana da região.

O evento comunitário buscou aproximar o grupo de fiéis da região durante um dos períodos mais sagrados, que é quebra de jejum. A adoração a Allah (Deus) é intensificada durante esse período e, além do jejum, também são realizadas diariamente leituras das sagradas escrituras e dedicação à caridade.

Somente no Grande ABC estima-se que mais de 300 famílias, cerca de 5.000 pessoas, sejam adeptas ao islamismo. A região tem uma das maiores comunidades muçulmanas no País, atrás apenas da Capital e de Foz do Iguaçu, no Paraná. A região também conta com uma única mesquita, localizada na cidade de São Bernardo, que recebe frequentadores dos outros seis municípios. O templo religioso é um dos únicos do Brasil a funcionar 24 horas e a cumprir a prática das cinco rezas diárias que são obrigatórias conforme determina a religião.

O sheik do Cdial (Centro de Divulgação do Islam para América Latina), Yuri Youssef Hassan Ansare, explica a importância do jejum durante o mês sagrado. “O jejum é um modo de você elevar sua espiritualidade, elevar a sua fé e elevar sua proximidade com Deus. Isso que se trata o Ramadã, é um mês para renovar a fé e a busca pelo perdão. Corrigir o erro, limpar seu coração para você poder se manter em um nível alto de espiritualidade”, declarou o sheik.

Ansare ainda reforça sobre a necessidade de quebrar o jejum em grupo, e não sozinho. “A quebra de jejum pode ser feita sozinha, mas tem incentivo na religião para ser feita em comunidade. Segundo o profeta Maomé, aquela pessoa que quebrar o jejum com outra pessoa tem a recompensa do jejum dela também, é como se eu tivesse jejuado por dois dias. Por isso a prática é realizada em família, em grupo de amigos e para pessoas carentes. Esse jantar aqui é apenas um exemplo”, declarou Yuri.

Para celebrar o fim do Ramadã é promovido o eid al-fitr, “festival de quebra de jejum”, que realiza, além do banquete, orações comunitárias ao amanhecer, decoração especial nas casas dos muçulmanos, entre outros costumes. O mês sagrado dura de 29 a 30 dias, dependendo do ciclo lunar do mês – neste ano começou em 2 de abril e a previsão é que termine entre o próximo domingo ou a segunda-feira.

CULTURA
As irmãs Salam Saifi, 25 anos, e Mariam Saifi, 48, relatam que ao utilizarem o hijabe nas ruas – vestimenta do islamismo que obriga a mulher a cobrir a cabeça – conseguem perceber os olhares curiosos das pessoas, mas que o amor e a fé dos brasileiros são maiores que qualquer intolerância religiosa.

“Na verdade, as pessoas ficam curiosas mesmo quando veem a gente utilizando o hijabe na cabeça. Mas quando entro em uma loja, por exemplo, e peço para fazer minha oração do dia, sempre sou recebida com muito amor. O brasileiro é um povo de muita fé, e por mais diferente que seja uma religião da outra, os preceitos de amor e respeito são os mesmos”, falou Mariam.

A jovem Salam acredita que por ter nascido e crescido no Brasil não consegue sentir nenhum choque entre as culturas. “Não sinto muita diferença porque sou daqui, então é comum, e as pessoas entendem e respeitam nossa opção religiosa”, finalizou.




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