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Cresce a procura por apoio à saúde mental

Pandemia desencadeou quadros depressivos e de ansiedade; São Caetano teve alta de 71%

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
11/04/2022 | 00:01
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Arquivo pessoal


Após dois anos a pandemia deixou legado de problemas psicossociais. Levantamento realizado pelo Diário junto a cinco prefeituras da região mostra que quatro delas apresentaram aumento na procura por atendimento relacionados à saúde mental em 2021. Santo André foi a única que se manteve estável durante o período. Mauá e Rio Grande da Serra não respoderam à demanda.

O levantamento levou em conta atendimentos de psicoterapia, transtorno bipolar, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), distúrbios alimentares, transtornos de ansiedade, esquizofrenia e depressão. A alta mais significativa foi em São Caetano, com aumento de 71% na procura pelos atendimentos entre 2020 e 2021. Foram 6.706 ocorrências no primeiro ano da pandemia e 11.477 em 2021. A faixa de idade que mais procurou o serviço foi de 50 a 59 anos, com 28% do total. 

“O aumento nos atendimentos totais podem ser analisados a partir de diversos fatores, como maior procura por atendimentos relacionados à saúde mental, maior divulgação desses serviços em redes sociais, a importância de lidar com a saúde mental apresentada por pessoas famosas como alguns atletas e artistas, diminuição do preconceito em relação a doença mental e a seus tratamentos”, comenta a professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e doutora em psicologia clínica Kátia Pavani da Silva Gomes. “De maneira geral, as mudanças trazidas pela pandemia transformou ou até inviabilizou algumas práticas da vida cotidiana”, acrescenta a professora.

Em São Bernardo, que realiza psicoterapias individuais e em grupo, os números registraram alta em distúrbios como depressão, que passou de 531 em 2018 para 702 em 2021, alta de 32,2%. Porém, o maior aumento foi nos transtornos de ansiedade, que passou de 77 para 176, acréscimo de 128%. 

Gustavo Frutuoso, 19 anos, morador de São Bernardo, optou por iniciar a psicoterapia no período da pandemia, justamente por problemas relacionados à ansiedade. “Acho que a pandemia veio para dizer ‘vai procurar ajuda’. Foi meio que obrigação procurar ajuda após o início desse período”, revela ele. “Dias bons e ruins sempre vão existir. Mas, hoje, até em meus dias ruins consigo tirar coisas boas e isso com certeza é por causa da psicoterapia”, afirma.

Ribeirão Pires registrou 8.002 atendimentos em 2018 e 12.199, em 2021, aumento de 52,4%. Diadema não apresentou os números por ano, mas durante o período de 2018 e 2021, a cidade realizou 43.618 atendimentos em psicoterapia em grupo ou individual, com a média de idade na casa dos 40 anos. Dos atendimentos, 10% deles estavam relacionados a pessoas com transtornos de ansiedade ou depressão. 




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