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Cuidar de vidas: missão que segue no Natal

Equipe do hospital de campanha, em Sto.André, mantém rotina de cuidados a pacientes da Covid

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
24/12/2020 | 00:01
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DGABC


Enquanto para a maioria das pessoas o Natal é tempo de descanso e período para celebrar com a família – mesmo em tempos de pandemia, quando aglomerações não são recomendáveis –, alguns serviços, como na área da saúde, são fundamentais, principalmente para cuidar de quem mais precisa de atenção justamente agora: os pacientes que testaram positivo para a Covid-19.

No hospital de campanha montado no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, no bairro Silveira, em Santo André, a rotina dos profissionais continuará. Entre caminhadas pelos leitos do equipamento, a assistente social Márcia Lombardi, 49 anos, leva sorriso para quem precisa de um pouco de alegria. 

Ela é uma das profissionais que fazem a ponte entre os pacientes e as famílias que aguardam notícias do quadro clínico, tudo virtualmente. “O principal papel, não só no Natal, mas como foram e serão todos os dias, é o acolhimento. O paciente dá entrada no hospital (de campanha), e logo já é uma notícia difícil saber que está em um hospital de campanha”, declara. 

Diante disso, Márcia entra em contato com a família e informa o quadro clínico do paciente, todos os dias, e a ansiedade está dos dois lados, tanto da família quanto do paciente. “Informamos todo o procedimento para a família, já que muitos ficam desesperados, ainda mais sem contato com a pessoa que está aqui. Já nos deparamos com preconceitos também, por ser um hospital montado em um ginásio, por exemplo”, observa. “Já com relação ao paciente, eles ficam desesperados se avisamos ou não a família, então, também explicamos tudo para ele, até porque, muitos ficam entubados e acordam inseguros”, completa. 

A assistente social trabalha hoje e amanhã, das 8h às 14h, conforme horários que já segue normalmente, e observa que o Natal será diferente para todo mundo. “mara nós, que estamos aqui dentro, será mais diferente ainda, já que vivenciamos dia a dia a trajetória dos pacientes e creio que para muitos deles o Natal será triste. Será de esperança, mas aquele espírito de festa, infelizmente, não vai ter”, avalia. Márcia também fez essa observação em relação aos familiares, que vão sentir a falta daqueles que seguem em tratamento na unidade. 

Para a profissional, o que mais marcou sua carreira foi o primeiro dia de atendimento no hospital de campanha. “Há seis meses, vim para cá e vi todos aqueles leitos ocupados, uma rotina de paramentação totalmente diferente da normal, mas diante de tudo isso, eu soube que eu estava no lugar certo, com medo, mas sinto que fiz a escolha certa. Pode passar ainda o Natal e Ano-Novo, mas estou onde deveria estar sempre”, conta. 

EQUIPE

Ao lado de Márcia, a psicóloga Priscilla Marques Coelho, 33, integra os serviços de acolhimento e saúde mental do hospital, e destaca que cada paciente possui seu perfil e forma de lidar com a situação. “Todos chegam aqui com uma nuvem de informações sobre a Covid e hospitais de campanha, então, é importante conversar com eles com toda equipe de médicos”, comenta. A psicóloga ainda conta que, como parte do primeiro atendimento, é necessário conhecer o paciente e saber se existe uma vulnerabilidade emocional para também prestar atenção durante a internação. 

Priscilla vai trabalhar amanhã, dia do Natal, já que sua escala funciona 12 horas trabalhadas por 36 horas de descanso. “A equipe vai estar reduzida, mas os trabalhos serão intensos e nosso desafio será conseguir atender todos os leitos, ou seja, não podemos terminar o plantão sem falar com todas as famílias dos pacientes. Já sabemos que o momento é delicado, mas nossa expectativa é conseguir atender todo mundo, como já fazemos todos os dias.” 

Ações movem a esperança dentro da unidade no Dell’Antonia

No início deste mês, o hospital de campanha Pedro Dell’Antonia ganhou uma árvore de Natal como decoração em uma de suas arquibancadas. A administração municipal decidiu instalar o enfeite com objetivo de transmitir mensagem positiva e esperançosa para os pacientes, que lutam contra a Covid-19, e homenagear quem cuida dessas pessoas no dia a dia: os profissionais da saúde.

Na época, de acordo com o prefeito reeleito da cidade, Paulo Serra (PSDB), o personagem principal da decoração com a árvore não foi o Papai Noel, mas sim as renas – em alusão aos profissionais da saúde –, que são personagens “secundários” desta época natalina, mas que também fazem o Natal acontecer, trabalhando muito. “Uma homenagem aos médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, assistentes sociais, pessoal da limpeza, da alimentação. Todo esse time de guerreiros que abre mão da vida pessoal para cuidar da nossa gente e salvar vidas”, declarou o prefeito.

Em paralelo, segundo a psicóloga Priscilla, a coordenação ainda está se preparando para colher cartas de familiares, amigos e até dos próprios profissionais de saúde, para entregá-las no dia de Natal aos pacientes internados, com mensagens positivas de carinho, esperança e fé. “Estamos nos planejando para uma programação especial, que complementa a árvore, de onde se tem visão geral de todo complexo”, finaliza.




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