Entre um pedido de socorro e a chegada da ambulância ao local, passam-se 8 minutos em média. A estratégia é deixar a equipe bem posicionada ao longo das estradas. Em cada turno, ambulâncias com cada dois socorristas ficam distribuídas em sete postos e, na central, fica um médico com dois socorristas numa ambulância de UTI – onde podem ser realizadas pequenas cirurgias.
O resgate da Ecovias pode ser acionado pelo usuário, pelo telefone 0800 197878 ou pelos callbox (telefones a cada quilômetro de estrada), pela polícia rodoviária, pelos fiscais de pista da empresa ou por uma central que monitora os 177 Km, com 41 câmeras de vídeo. A primeira ocorrência que a reportagem acompanhou foi informada por guardas rodoviários. Um casal caiu de moto no Km 22 da Imigrantes. Duas ambulâncias foram para o local: uma básica e outra de UTI, com a médica Letícia de Rezende Kaecke, 27 anos. Os dois acidentados pareciam estar bem, só com escoriações. Mesmo assim, foram rapidamente imobilizados e transferidos para o Hospital Sabóia, no Jabaquara, em São Paulo.
“É um centro de referência em trauma e nesse caso é importante que sejam tiradas várias radiografias para checar que não há lesões internas”, explicou a médica. Aliás, é norma do resgate levar as vítimas para hospitais públicos. “Afinal nós não sabemos se as pessoas têm plano de saúde particular.”
O trabalho do Resgate termina quando o paciente é encaminhado para os médicos do PS (Pronto-Socorro). “Prestamos o atendimento de emergência, também chamado de pré-hospitalar. Ele é fundamental, porque cerca de 60% dos óbitos em trauma ocorrem na primeira hora. É a chamada Golden Hour, período em que a vida do paciente depende da atuação do médico”, acrescentou Letícia.
Depois das ocorrências, a equipe volta para o posto. É um prédio térreo, com sete cômodos. Sala, cozinha, sala de tevê, banheiro e três quartos. “Não há hora para acontecer um acidente, então a gente dorme quando dá”, disse o coordenador João Mano.
Os socorristas recebem treinamento em cursos ministrados pela empresa que presta o serviço médico para a Ecovias. “Além da parte médica, precisamos estar familiarizados com os equipamentos de socorro”, disse Marcelo Morais Maruski, 30 anos, socorrista. Num compartimento da ambulância, eles levam macaco hidráulico, alicate de pressão, tubos de oxigênio, pás, picaretas, rastelos e vários outros equipamentos utilizados para chegar a locais de difícil acesso ou para retirar vítimas presas nas ferragens. “Já houve ocorrência em que, para chegar ao acidentado, tivemos que fazer rappel”, lembrou Maruski.
O Resgate não atende só a acidentes graves. Dores de cabeça, enjôos e cólicas também são constantes no trabalho do médico e dos socorristas. “Nós recebemos muitas chamadas da população que vive à margem das estradas. Até parto já fiz”, contou Mano. A segunda ocorrência que a reportagem acompanhou era desse tipo. Uma funcionária da lanchonete Rancho da Pamonha, na via Anchieta, foi picada por abelhas. Era alérgica. A médica Letícia rapidamente atendeu ao chamado. Resolveu o problema lá mesmo.
Muita gente passa pelos postos do resgate sem saber que a equipe está lá de plantão. “Na maioria das vezes somos bem recebidos pelas vítimas que ficam felizes em nos ver. Mas há casos em que temos de convencer a pessoa a receber ajuda. Andamos até com um termo de responsabilidade. Em casos extremos, exigimos que o usuário assine para ser liberado”, explicou Mano. Mas a maioria das pessoas atendidas, fica grata. No dia em que o Diário acompanhou a equipe, um senhor procurou a médica Letícia para agradecer um atendimento. “Mas ninguém notou, a médica foi discreta”, disse o coordenador. Como devem ser os anjos da guarda.
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