O Grande ABC terá no Pan-Americano de Lima, que começou ontem, a menor representatividade em 36 anos. Apenas 19 atletas da delegação brasileira composta por 486 esportistas nasceram ou competem pela região (3,9%). Como comparação, nos Jogos de Toronto, em 2015, as sete cidades cederam 49 dos 600 integrantes do time brasileiro (8,2%).

A participação do Grande ABC no esporte tem caído ano a ano. O ápice foi nos Jogos de Winnipeg-1999, quando 30% da delegação brasileira composta por 436 competidores eram da região. No Rio-2007, quando o Brasil aproveitou o fato de ser o País sede e contou com a maior delegação da história, com 639 representantes, as sete cidades enviaram 120 (18,7%) atletas.

Vários motivos podem explicar a baixa representatividade esportiva de região que era conhecida justamente pela força que tinha no esporte olímpico. O mais contundente é o baixo investimento da iniciativa privada, que se retraiu com as últimas crises financeiras e cortaram patrocínios de equipes importantes, como o atletismo de São Caetano, tido como o principal do Brasil até o início de 2018 e que fechou as portas. O handebol de São Bernardo, base das Seleções Brasileiras, também perdeu o apoio da Metodista, que atravessa graves problemas financeiros. Por fim, em dezembro, a Caixa também retirou a verba que aportava no atletismo e na ginástica são-bernardenses.

O Grande ABC ainda se sustenta em modalidades que podem trazer bons resultados ao Brasil, mas que quantitativamente não é tão representativa como as coletivas. O ginasta Arthur Zanetti, de São Caetano, por exemplo, é favorito nas provas de argola e solo, além de ser o maior nome da equipe brasileira. No atletismo, Paulo André de Oliveira, nascido em Santo André, é o principal velocista do País.

O tênis de mesa continua tendo como base os atletas do Grande ABC. Bruna Takahashi e Caroline Kumahara nasceram em São Bernardo, enquanto Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi e Eric Jouti competem pela equipe de São Caetano.

Outra modalidade que chega ao Pan com ótimas possibilidades de medalha é o taekwondo, sendo que metade da equipe brasileira composta por oito atletas é de São Caetano. Ícaro Miguel, Milena Titoneli, Rafaela Araújo e Raiany Fidélis entram na disputa cercados de boas expectativas.

Diretor-geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil), o ex-judoca Rogério Sampaio, disse que a meta do Brasil é ficar entre os três primeiros do quadro de medalhas. “Nos três últimos Pan ficamos entre os três mais bem colocados na classificação geral e vivemos a expectativa de repetir esse bom desempenho”, comentou.

Brasil estreia bem no vôlei de praia

A cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, acontece somente amanhã, às 21h (de Brasília) no Estádio Nacional, mas as competições começaram ontem com brasileiros em ação no vôlei de praia e no handebol feminino. Para espantar o frio que castigou Lima ontem, as tradicionais vestes do vôlei praiano ficaram em segundo plano. Os atletas optaram por espécie de macacão para entrar em ação. As duplas brasileiras não tiveram dificuldade e venceram por 2 sets a 0.

Oscar e Thiago foram os primeiros a entrarem em quadra. Pelo Grupo C, que passaram a liderar, derrotaram os costarriquenhos Alpizar e Valenciano por 21/13 e 21/14. “Conversamos bastante sobre a estratégia durante o jogo. Ajudamos bastante um ao outro para sair dos problemas, uma pequena dificuldade que tivemos na virada de bola”, avaliou Thiago, que foi o destaque da partida, com 20 pontos. Hoje, a dupla volta à quadra novamente, desta vez para enfrentar os uruguaios Vieyto e Cairus às 11h50 (de Brasília).

No feminino, Carol Horta e Ângela superaram com extrema facilidade Mannika Charles e Melanie Valenciana, de Ilhas Virgens, por fáceis 21/8 e 21/7. Às 16h de hoje, as brasileiras encaram as chilenas Maria Rivas e Maria Mardones.

No handebol, a Seleção feminina iniciou com vitória sobre Cuba por 29 a 20, com grande atuação de Bruninha, autora de seis gols. Cuba até começou na frente, abrindo 2 a 0, mas foi questão de tempo para as brasileiras se organizarem e assumirem o controle da partida, mantendo vantagem confortável na maior parte do tempo até o fim do duelo. Hoje, às 22h30, o adversário será o Canadá.