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Bairro São José tem clima de Interior
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
23/05/2011 | 07:30
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Orlando Filho/DGABC


 

 

O bairro São José é o menor de São Caetano e mantém clima tranquilo de Interior com direito a pesqueiro dentro do Bosque do Povo.

Assim como em cidades pequenas, é na Avenida Engenheiro Armando Arruda que se concentra a maior parte dos comércios. Os moradores não precisam se deslocar com tanta frequência para o Centro, a não ser para ir aos Correios.

"Não sei morar em outro lugar. Nasci aqui, meu pai foi um dos fundadores. Lembro de todas as conquistas como a chegada da água e do paralelepípedo", contou a proprietária de uma loja de material de limpeza Elizete Bédia Garcia, 55, que recebeu o título de Cidadão da História, por fazer parte da construção do bairro.

Para o marido de Elizete, o vice-presidente da associação de moradores Hercílio Aparecida Garcia, 56, o bairro ainda conserva tradição entre os mais antigos: o costume de cumprimentar as pessoas pelas ruas. "Todo mundo se conhece, se cumprimenta, É comum se reunir para conversar", ressaltou Garcia,

O maior problema do bairro são as enchentes. Um dos comerciantes na Estrada das Lágrimas, próximo a Avenida Guido Aliberti, contou que a situação melhorou há um ano. "Cheguei a ficar com a água no pescoço. A pior enchente foi em 1991, mas esse ano não passou da escada", contou Adilson Geraldi Mota, 60. Todo ano, ele precisa comprar televisor, já que o aparelho é carregado pelas águas.

Privilegiado, o São José conta com duas áreas verdes, o parque Catarina Scarparo D'Agostini. e o Bosque do Povo. É nesse último que cerca de 1.300 associados se divertem no Pesqueiro Municipal, "A maior parte são homens e aposentados, mas nos fins de semana temos as famílias com crianças", informou o administrador do pesqueiro, Norberto de Souza.

O aposentado Ismael Leite Gomes, 67, frequenta até cinco vezes na semana e passa cinco horas no local. "Se estamos com a cabeça quente, pescar é a forma de esfriar."

Para se tornar sócio, é preciso morar em São Caetano, apresentar duas fotos 3x4, cópia do RG , titulo de eleitor e comprovante de residência.

 

Casal foi o primeiro a se mudar para o Conjunto Radialista

O casal José do Carmo Garotte, 73 anos, e Amélia Moche Garotte, 72, foram os primeiros a se mudar em 1987 para o Conjunto Residencial Radialista, no bairro São José.

Na época, eles ficaram sem vizinhos por quase dois meses até os moradores começarem a chegar ao conjunto, que atualmente conta com cerca de 1.200 apartamentos divididos em blocos que levam nomes de frutas e árvores.

"Fomos nos acostumando com a quantidade de moradores. Acompanhamos a construção de todos os blocos. é um lugar muito bom para se viver, porque todos se respeitam, o que torna a convivência tranquila", explicou José, que nasceu no Paraná e mudou-se em 1958 para a Vila Califórnia, Zona Leste da Capital.

Dois dos três filhos do casal moram no conjunto. José e Amélia se conheceram em viagem à Aparecida do Norte, interior do Estado. "Acredito que seja por isso que estamos casados há 50 anos", contou a aposentada.

Eles se casaram na Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada no bairro. "Como a rede de esgoto estava sendo construída, precisei ir caminhando até a igreja", relembrou Amélia.

O zelador e morador do conjunto Valter Luis dos Santos, 33, definiu o local como "sossegado". "Qualquer problema no condomínio se resolve com o diálogo", ressaltou.

‘Batata Assada' montou o primeiro cortiço

Ademir Medici

Vila São José nasceu no eixo da Estrada dos Meninos, caminho rural que interligava o miolo central de São Caetano à Estrada das Lágrimas. Por ali passavam oleiros, carvoeiros e vendedores de lenha. E ao longo do século 20 o rural espaço transformou-se em urbano em torno dos dois primeiros loteamentos locais: Vila Lucila (década de 1930) e Vila São José (1941).

Prevaleceu o nome São José, bairro que engloba outros loteamentos: Vila Tupan (aberta na década de 1940 e aprovada em 1962) , Jardim Anai (1958) e o Conjunto dos Radialistas (1988 e 1989), implementado num dos antigos barreiros da Cerâmica São Caetano.

A Estrada dos Meninos (em alusão ao bairro dos Meninos, hoje Rudge Ramos, em São Bernardo) mudou o nome para Rua Caramuru e hoje se chama Engenheiro Armando de Arruda Pereira.

Casas simples, cortiços e ocupado por migrantes de várias partes do País, o bairro São José cresceu proletário. Nas carteiras profissionais dos filhos dos primeiros moradores podem ser observados nomes de antigas indústrias; os pais dedicaram-se ao trabalho na terra, plantando ou produzindo tijolos.

Na década de 1970 identificamos moradores pioneiros. Entre eles, Martin Bédia, o Martinzinho, considerado o primeiro comprador de lote na Vila São José e que se transformou em corretor. Foi Martinzinho quem vendeu o lote para o casal Adelino Ribeiro e Rosalina do Nascimento, em 1942, com descendentes até hoje no bairro.

E mais: famílias Almendra, Bravo, Silva, Ramires, Maia, Moreira, Guizzo, Carmo, Vaz, Maldonado, Soares, Faria e Grando. Na Vila Lucila, Antonio da Fonseca Martins, o Batata Assada. Ele teve chácara no bairro e depois construiu o primeiro cortiço, com 50 casas emendadas que resistiram até o início dos anos 1970.

A primeira vila de casas operárias foi iniciativa da Cerâmica Tupan. As primeiras casas, geminadas, existem, sólidas, até hoje. Ficam na Rua Senador Flaquer, esquina com a Rua Engenheiro Armando de Arruda Pereira.

Os melhoramentos públicos vieram aos poucos e lentamente. A pavimentação em paralelepípedos da Armando de Arruda Pereira só chegou na década de 1950. Mas redes de água e esgoto somente seriam implantadas na década de 1960.

Como lazer, o futebol. E os muitos clubes: São José, Cerâmica Tupan, Flamenguinho, Vila Lucila ou Vila Lucinda, Ponte Preta, Ameriquinha, Torino, Canto do Rio, Congregação Mariana. O Centro Esportivo Recreativo Vila São José, fundado em 1973, nasceu da fusão de vários times locais, por estímulo da Prefeitura.




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