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Falta de médico gera seis horas de espera em posto de Saúde
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/10/2008 | 07:03
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Seis horas para conseguir uma consulta. Este foi o período médio de espera de quem buscou ajuda no Pronto-Atendimento do Centro de Santo André ontem. A falta de médicos causou uma fila de cerca de 80 pessoas no início da tarde. Segundo a população, apenas um profissional prestava socorro aos pacientes.

"Esse descaso gerou até briga na parte da manhã. A Prefeitura não pode colocar só um clínico-geral para atender toda essa gente. Não podemos nem sair para comer alguma coisa com medo de perder a vez", contou Jorge Luiz Aquino, 49 anos.

Para quem tem mais idade, a espera era ainda mais difícil. "Tenho mal de Parkinson. É muito duro ficar todo esse tempo sentada em uma cadeira. O atendimento aqui já foi bom, mas ultimamente a fila tem sido muito grande", afirmou Maria Helena Garcia, 76 anos, que chegou antes das 9h e foi atendida depois das 15h.

Com problema nas pernas, o aposentado Maximiano Luiz da Silva, 76, resolveu deitar no banco de alvenaria disponível na parte externa do PA. "Não tenho mais posição para ficar de tanto cansaço e dor. Preciso de médico", pediu.

Além da espera, os pacientes reclamavam da falta de prioridade nos atendimentos. "Na recepção, os funcionários não perguntam por que estamos aqui. Assim, ninguém sabe quem precisa ser atendido com mais urgência. Eles colocam todo mundo no mesmo bolo. Acho que deveria ter uma triagem dos pacientes", disse Wanderléia Inácio Martin Ribeiro, 41.

O atendimento às crianças foi feito com mais tranqüilidade. A espera média era de 40 minutos.

SUBSTITUIÇÃO
A Secretaria municipal de Saúde informou que um dos médicos faltou sem aviso prévio e, até a sua substituição, o atendimento foi prejudicado. A Prefeitura, porém, diz que havia dois profissionais no PA. Um deles estaria deslocado para emergências.

Prefeitura informa que não consegue preencher vagas

A falta de equipe no Pronto-Atendimento do Centro poderia ser amenizada, segundo a Prefeitura de Santo André, se as vagas para médicos fossem preenchidas. A Secretaria de Saúde informa que tenta contratar cinco profissionais, sem sucesso. Em agosto, a cidade tinha 20 generalistas a menos. O salário não é dos mais baixos - R$ 4.214,80, para 24 horas semanais. Em São Bernardo, os médicos recebem de R$ 2.210,53 a R$ 2.876,47, para jornada de 20 horas.

Segundo o secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, a dificuldade está no fato de os médicos não terem vontade de atuar na linha de frente do atendimento público, já que, para contratar especialistas, o procedimento é bem mais rápido. Outras cidades da região lidam com os mesmos problemas. Em Mauá, também em agosto, o déficit estimado de clínicos-gerais e generalistas era de 35 vagas.




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