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Famílias de ‘ilha’ em São Bernardo aguardam imóveis prometidos em 2014

Conjunto de obras deveria ter sido concluído no ano passado; projeto passa por auditoria

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
25/10/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Para chegar à casa do aposentado Geraldo Sebastião da Silva, 60 anos, todo cuidado é pouco. A moradia de apenas dois cômodos concentra inúmeros problemas estruturais, sendo o pior deles o fato de estar localizada em uma ‘ilha’ no entroncamento das avenidas Pery Ronchetti e Luiz Pequini, vias movimentadas de São Bernardo. O munícipe integra grupo de 60 famílias que aguardam serem removidas para imóvel digno desde 2014.

“Aqui já teve acidentes, alagamento. É poeira entrando todo dia em casa. Nada é fácil”, diz o aposentado, que ainda acredita na entrega da chave de sua primeira casa própria. “Sonhar não custa nada”, destaca o morador, conhecido como seu Geraldo.

A promessa por novo lar integra pacote de ações que inclui a urbanização e consolidação de 2.513 unidades habitacionais já existentes no entorno dos córregos Saracantan e Colina, além do reassentamento de 420 famílias que vivem em condições semelhantes às de seu Geraldo. As obras, que somam R$ 48 milhões, sendo R$ 37,6 milhões provenientes da Caixa Econômica Federal e o restante de contrapartida municipal, deveriam ter sido concluídas no ano passado.

Segundo a Prefeitura de São Bernardo, o contrato para execução da proposta de urbanização recebeu ordem de paralisação em abril de 2014 “para fins de revisão do projeto executivo”. No momento, o contrato está sendo auditado. Só após esta análise, segundo o Paço, “será possível nova contratação por meio de novo processo licitatório, cujas providências já se encontram em andamento na Secretaria de Habitação”.

Enquanto permanece a situação de incerteza, só resta aos moradores aguardar. “Não vejo a hora de sair daqui. Morar no meio dessas avenidas não é um desejo nosso. É muito perigoso. Só estamos aqui porque não temos para onde ir”, afirma o comerciante Dornival Vieira Machado, 76, que há três décadas reside num pequeno cômodo instalado no assentamento precário.

A ansiedade da população se dá pelo tempo de espera de três anos e também pela falta de informação. “Ninguém fala nada”, desabafa o motorista João Mario, 55.

As obras de urbanização têm promessa de beneficiar, além da chamada Ilha Luiz Pequini, outros seis assentamentos precários existentes: Rua Amazonas (Antiga Nelson Mandela); Vanguarda; Vila Feliz; Novo Parque; Vila Canarinho e Rua dos Vianas. Os moradores serão atendidos com apartamentos no Residencial Independência, com entrega prevista para setembro de 2018 (leia mais ao lado).

O projeto habitacional também faz interface com as obras da Secretaria de Serviços Urbanos, responsável pela canalização de parte do Córrego Saracantan. A promessa é concluir a intervenção até o fim do ano, para que seja retomada a normalidade do sistema viário da região, esta etapa integrada com as melhorias de Mobilidade Urbana da Secretaria de Transportes. Está prevista ainda, além da canalização do córrego Colina, a implantação de corredor de ônibus na área.

Expectativa é a de que entrega de condomínio agilize processo de remoção

A retomada das obras do conjunto habitacional Residencial Independência, no bairro Montanhão, – cuja construção foi iniciada em 2012 e paralisada em 2016, após destrato entre as empresas responsáveis pela execução da obra – deve contribuir para que famílias da Ilha Pequini sejam removidas de seus barracos.

A expectativa é a de que todas as famílias que residem no local sejam contempladas com a construção de 420 moradias do empreendimento, que teve sua obra retomada em agosto.

Os apartamentos terão área útil de 52,62 metros quadrados cada, divididos em dez edifícios, localizados na Rua Tiradentes, altura do 2.178, nas proximidades da Arena Olímpica. O investimento da obra é de R$ 41,9 milhões. A previsão de entrega dos apartamentos, segundo a Prefeitura de São Bernardo, é setembro do próximo ano.

“Esperamos que a promessa seja cumprida”, fala a doméstica Rita de Cássia Nunes, 44 anos.




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