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Justiça nega liberdade a tatuador da região

Homem que tatuou testa de adolescente de 17 anos, em São Bernardo, segue na cadeia

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
27/07/2017 | 07:19
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Arquivo pessoal


O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27 anos, de São Bernardo, teve ontem, oficialmente, o pedido de liberdade provisória negado pela Justiça. Na mesma data, a defesa entrou com recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para reverter a situação desfavorável. Ele é acusado – juntamente com o pedreiro Ronildo Moreira de Araújo, 29, que filmou a agressão – de tatuar a testa de adolescente de 17 anos com os dizeres “eu sou ladrão e vacilão”, após suposto furto da bicicleta de um vizinho. Os dois foram denunciados pelo MP (Ministério Público) por lesão corporal grave, constrangimento e ameaça.

A decisão em primeira instância do Tribunal de Justiça do Estado levou em conta para o indeferimento do pedido a gravidade dos crimes, a materialidade e os indícios de autoria. Além disso, a Justiça considerou que a sequência de atos praticados pelos réus demonstra “periculosidade”, colocando em jogo a paz social e a integridade física da vítima.

Para a advogada de defesa Angélica Ferreira Rodrigues Haddad, entre os elementos para que Maycon responda em liberdade, e que estão sendo citados no novo pedido, estão a primariedade e a própria denúncia. “Ele é réu primário, e não faz mais sentido ele ser mantido preso. Além disso, ele não foi denunciado por tortura (crime inafiançável e incompatível com a liberdade provisória)”, contou.

Segundo Angélica, após a entrada no pedido, a expectativa é a de que nova decisão ocorra em cerca de 20 dias. O escritório assumiu o caso depois que o primeiro pedido já tinha sido feito pela Defensoria Pública. “Quando fizemos o habeas corpus, já tinha saído a denúncia de que não teve a tortura. Por isso nossos recursos são outros, a primariedade, a denúncia de lesão corporal e o tempo que ele foi recolhido. Ele não ofereceu resistência e entregou todo maquinário (usado para tatuar a testa do jovem).”

O pedido de habeas corpus do pedreiro Ronildo, que já tinha passagem por roubo, foi negado pela instância superior em 10 de junho – ele não é defendido pelos advogados do tatuador. A ministra Laurita Vaz ressaltou a gravidade concreta dos crimes e destacou que as imagens veiculadas nas redes sociais evidenciaram a incapacidade do jovem resistir, além de a ação ter sido motivada por vingança. O pedido deve ser julgado pela Quinta Turma, sob relatoria do ministro Reynaldo Soares da Fonseca.

O processo corre em segredo de Justiça. Conforme a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), eles continuam presos na Penitenciária II Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, desde o fim de junho.

O Diário contatou a mãe do tatuador Rosilene Rodrigues Carvalho de Lima, 47, que preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Na semana da prisão de Maycon, ela reconheceu o erro do filho, mas afirmou que lutará pela liberdade dele.

A juíza Daniela de Carvalho Duarte, da 5ª Vara Criminal de São Bernardo, marcou para 12 de setembro audiência de instrução para julgar a dupla.

Jovem passa por segunda sessão de remoção

O adolescente de 17 anos de São Bernardo que teve a testa tatuada com a inscrição “eu sou ladrão e vacilão” passou por segunda sessão para a remoção da inscrição. Atualmente, ele está internado em clínica particular, em Mairiporã, em São Paulo, para tratamento da dependência de drogas.

Segundo o diretor de tratamento do local, Sérgio Castillo, algumas letras já estão sumindo e a próxima sessão deve ser realizada em cerca de 30 dias. O procedimento está sendo feito por clínica de estética que ofereceu o tratamento gratuitamente à família.

Para Castillo, o jovem – que já ganhou 15 quilos desde a chegada ao local, no início de junho – vem apresentando resultados positivos com o tratamento. “No começo, por causa da abstinência, em um momento agudo da desintoxicação, ele sofreu bastante desconforto. Agora, está bem mais tranquilo e estável.”

Entre as mudanças de atitude do jovem surgiu a vontade de ser voluntário na área da Saúde quando se recuperar. No primeiro mês, ele precisou ficar sem visitas da família. O reencontro ocorreu no domingo, em festa junina na instituição. “Gostamos muito, e ele está bem mais tranquilo”, confirmou a mãe Vania Aparecida Rosa Rocha, 34 anos.

O diretor afirmou que ainda é cedo para falar sobre alta e para diagnóstico preciso sobre eventuais problemas psicológicos ou cognitivos. “Depois, ele vai passar por etapa, por meio de um mapeamento neurológico, para saber se houve perdas e quais foram as áreas. Ele está muito feliz aqui.”  




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