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Estoque aumenta, mas não preocupa indústria
Por Wagner Oliveira
do Diário do Grande ABC
13/07/2011 | 07:00
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Embora tenha registrado alta de vendas de 10% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010, a indústria automobilística considera cedo refazer a projeção de crescimento para 2011, ano em que espera, pelo menos, incrementar o mercado em 5%.

Para o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, as medidas de contenção de crédito tomadas pelo governo federal no início do ano ainda devem causar impactos sobre o mercado de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos.

"Essas ações começam a chegar ao ápice seis meses depois de anunciadas", afirmou. "Por isso, a cautela em esperar o desenrolar do segundo semestre para ver como será o comportamento do mercado e, assim, fazer avaliação mais segura."

Embora os estoques tenham crescido no pátio das montadoras e das revendas, o dirigente da Anfavea considera o fluxo normal. No atual ritmo de vendas de 14.500 unidades diariamente o estoque é suficiente para 33 dias.

Em dezembro do ano passado, quando a média girava em 17,3 mil diários, o estoque oscilava entre 23 e 24 dias. "Consideramos normal o ritmo da produção no atual compasso do mercado", afirmou Belini.

Só que a própria Fiat, também presidida por Belini, anunciou semana passada férias coletivas de sete dias na Argentina. Uma das explicações é que a operação que o governo brasileiro realiza para conceder licença para nacionalização de veículos importados deixou pátios aduaneiros lotados, com cerca de 100 mil unidades aguardando autorização.

INADIMPLÊNCIA

A Anfavea também vem verificando aumento da inadimplência no setor. Em janeiro deste ano, 2,6% dos consumidores que financiaram a compra de seus veículos não estavam em dia com as prestações.

Em fevereiro, o índice subiu para 2,8%; 3%, em março; 3,2% em abril, e 3,6%, em junho. Segundo Belini, o índice ainda está dentro dos padrões aceitáveis, considerando-se que, para o conjunto de toda a economia, o índice de inadimplência está em 6%.

"Os números ainda não são preocupantes, embora estejam crescendo", afirmou o presidente da Anfavea. "Mas também temos de acompanhar o impacto que este indicador pode vir a causar até o final do ano."

Com as medidas de contenção de crédito, o volume de recursos usados no financiamento de veículos diminuiu o ritmo de crescimento. No ano passado, o montante subia R$ 4 bilhões por trimestre. Nos seis primeiros meses deste ano, a alta foi de R$ 2 bilhões a cada três meses.

Estudo realizado pela Price Waterhouse Coopers revela que a forte disputa de mercado tem segurado o preço dos carros e atraído o consumidor às compras, mesmo com maior dificuldade de crédito. O relatório aponta que, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 14,9% entre 2009 e 2011, o preço dos carros subiu 5,8%, em média, no mesmo período.

Ford vê crescimento moderado

O presidente da Ford no Brasil, Marcos de Oliveira, afirmou que a indústria automobilística nacional entrou em um ritmo moderado de crescimento, mesmo tendo alcançado elevação de 10% das vendas no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010.

"Isso é bom para o País e para a indústria, pois permite que as montadoras programem melhor o seu avanço", analisou o executivo, durante lançamento do novo Ka, em São Paulo.

Apesar da moderação, Oliveira afirmou que o Brasil precisa de pressa na discussão sobre uma política industrial que aumente a competitividade da indústria automobilística. Caso contrário, prevê que o País passará por desindustrialização, fato que fará com que mais carros importados ampliem a fatia do cobiçado mercado nacional.

"Corremos o risco de perder a disputa para a indústria estrangeira, caso não melhorarmos rapidamente nossa competitividade", adverte. Ele disse que é necessário arranjo que envolva toda a cadeia produtiva e as diversas esferas de governo em busca de soluções que preservem e ampliem empregos no setor.

Levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostra que o Brasil ficou com saldo negativo de 53 mil veículos no primeiro semestre de 2009 - exportou 156 mil e importou 209 mil. No seis primeiros meses de 2010, o déficit foi de 40 mil veículos.

Já no primeiro semestre deste ano, o saldo negativo acumulado é de 140 mil unidades - a indústria importou 390 mil veículos e exportou 249 mil. "Isto acentua o quadro da nossa perda de competitividade", afirmou o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini.

Apesar do recuo em número de unidades, o País melhorou o saldo financeiro das exportações. O crescimento foi de 24,9% no primeiro semestre. O setor atingiu no período a receita de US$ 7,2 bilhões contra US$ 5,7 bilhões nos primeiros seis meses do ano passado. A explicação é que houve reajuste no preço de modelos exportados, assim como foi maior o envio de autopeças.

A importância da boa perícia na engenharia automobilística - Hélio da Fonseca Cardoso

Vivemos num mundo globalizado onde os lançamentos na área veicular são constantes e os automóveis importados passam por ajustes do projeto para adequação ao viário e às peculiaridades do Brasil.

Os veículos produzidos no País, também, por serem originários de projetos internacionais, apresentam falhas ao longo de sua utilização.

Passamos por uma grande onda de "recall" em que a maioria das montadoras tenta se livrar de falhas de projeto, montagem ou de materiais.

Alguns desses defeitos podem provocar acidentes, pois estão relacionados à segurança do veículo. Quer por reclamação ou acidente, a figura do perito, assistente técnico ou consultor é importantíssima para a verificação da causa.

Com base na vistoria do veículo, o perito coleta dados, efetua diligências e pesquisas para elaborar um trabalho que realmente forneça ao juiz a possibilidade de julgar pela verdade. Na realidade, o perito nada mais é que os olhos técnicos do magistrado.

Embora isto seja claro e evidente, como pode um trabalho ser conclusivo se elaborado por profissional com pouco conhecimento ou atrasado tecnologicamente?

Pior ainda, muitas vezes nos vemos obrigados a interpretar laudos que parecem poesias ou que nada concluem, como por exemplo: "face à total ausência de dados, o signatário deste laudo não podem concluir o que por ventura tenha ocorrido" ou "apresentamos a seguir quatro hipóteses da ocorrência do acidente, das quais não concordamos com nenhuma delas" ou ainda que "baseado em hipóteses quanto a velocidade dos veículos, concluímos que o veículo A adentrou a via preferencial vindo a colidir com o veículo B em ângulo de 90 graus, neste momento o veículo B absorveu parte da velocidade do veículo A, porém, concluímos que não temos dados suficientes para saber a causa do acidente".

O trabalho realizado em perícias e avaliações ligadas à engenharia automobilística requer, além do conhecimento acadêmico, a especialização e a atualização constante do profissional habilitado.

Isso quer dizer que não basta ser engenheiro mecânico e não estar atualizado, principalmente quando a tecnologia veicular passa por constantes revoluções e atualizações.

Pior que isso, não é possível que biólogos, administradores de empresas e outros tantos possam fornecer dados imprecisos para conclusão de acidentes veiculares ou encontrar causas de falhas, norteando decisões dentro de um processo judicial onde se espera encontrar a verdadeira causa.

Mesmo que a atuação seja como consultor ou assistente técnico, obviamente, este "profissional" irá subsidiar o cliente com dados incorretos ou incompletos que podem levá-lo a perda do seu tempo e dinheiro em uma possível ação que não tenha nexo ou ainda indicada contra a figura incorreta.

Um exemplo clássico disso é a falha em motor veicular com origem no combustível utilizado. Parte dos assistentes propõe que sejam abertos processos contra as montadoras do veículo enquanto o alvo correto seria o posto que vendeu o combustível adulterado.

Afinal, formular hipóteses em cima do inexplicável ou sem o conhecimento técnico específico transforma em ficção aquilo que deveria ser um balizador de decisão correta.

 




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