Política Titulo Análise eleitoral
Abstenção atinge patamar histórico no Grande ABC

Votos brancos e nulos caem, mas índice do ‘não voto’ cresce puxado pela ausência de eleitores

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
24/11/2020 | 00:02
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Agência Brasil


O índice de abstenções no primeiro turno das eleições deste ano, primeira da história em meio a uma pandemia, atingiu 26,37% do eleitorado do Grande ABC, o maior patamar desde a redemocratização, em 1988. Levantamento feito pelo Diário, com base nos resultados da primeira etapa do pleito, mostra que 552.101 eleitores deixaram de ir às urnas no dia 15.

Em comparação com a disputa municipal passada, em 2016, o total de ausências nas eleições saltou 30% – há quatro anos, as abstenções chegaram a 412.847 (19,95% do eleitorado).

Numericamente, a maior ausência foi registrada em São Bernardo, onde 165.087 eleitores deixaram de votar no primeiro turno. Lá, o prefeito Orlando Morando (PSDB) foi reeleito com 67,28% dos votos. Levando em consideração a proporção do eleitorado, a maior taxa de abstenções foi em Santo André (28,87%), cidade que reelegeu Paulo Serra (PSDB) no primeiro turno, com 76,88%.

O ranking é seguido por Diadema, onde 85.407 eleitores (25,94%) deixaram de votar na primeira fase do pleito – o segundo turno será entre o ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT) e Taka Yamauchi (PSD). Em seguida vem Mauá, que registrou 23,49% de abstenções (72.020) – o confronto final será entre o atual prefeito, Atila Jacomussi (PSB), e o vereador Marcelo Oliveira (PT). Em Ribeirão Pires houve 24,82% (22.466) – elegeu Clóvis Volpi (PL), com 45,91%. Na sequência aparecem São Caetano, onde o índice de abstenções chegou a 24,53% (34.963) – deu vitória à reeleição do prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), com 45,28% –, e Rio Grande da Serra, onde as abstenções atingiram 22,33% do eleitorado (7.093). Lá, Claudinho da Geladeira (Podemos) foi eleito com 35,56%, uma das margens mais apertadas nos últimos anos na cidade.

Para o cientista político Ivan Filipe Fernandes, da UFABC (Universidade Federal do ABC), a pandemia de Covid-19 explica o aumento das abstenções. “As pessoas ficaram com medo de se contaminar comparecendo às urnas”, analisou. Outro fato facilitador da abstenção foi a possibilidade de justificar a ausência das urnas pelo aplicativo e-Título.

Puxado pela alta no número de abstenções, o ‘não voto’, que é a soma das ausências e dos votos brancos e nulos, também aumentou com relação ao pleito de 2016: 37,53% do eleitorado (há quatro anos, esse índice foi de 37,4%). Por outro lado, os votos brancos e nulos caíram. Há quatro anos, esse total foi de 392.560. No primeiro turno deste ano, 233.423.

Para Fernandes, esse quadro revela “aparente recuperação da confiança do eleitor”. “Estas eleições municipais estão ocorrendo num ambiente muito menos conflagrado, muito mais palatável para o debate público. Não é ambiente de guerra, do ‘nós contra eles’, seja vindo da esquerda ou da direita. Foi ambiente mais saudável do debate público. A literatura aponta que a insatisfação política é demonstrada nos votos brancos e nulos.” 




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