Setecidades Titulo No fio da Covid
O milagre da multiplicação
Do Diário do Grande ABC
28/03/2021 | 10:08
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Prevenção é a palavra mágica que Mestre Baianinho usa para levar à frente seu trabalho na comunidade Núcleo dos Missionários, ocupação que já tem mais de 40 anos em Santo André. Ali todo mundo se ajuda e se reconhece na liderança do mestre de capoeira que há três décadas se dedica a amenizar as dificuldades dos moradores.

Mas agora, bateu o medo. “Gente, morrer de fome ninguém morre por aqui; a gente pode até passar necessidade, mas não morre de fome. Mas dessa doença a gente morre, e muito”, alerta o sergipano conhecido como Mestre Baianinho, o seu José Carlos dos Santos.

Ele diz que sempre há um prato de comida para quem está com fome. “Se eu não puder ajudar, o vizinho pode”, afirma, ao contar que a associação dos moradores recebe muitas doações. “O pessoal ajuda muito com remédios, cesta básica.”

E se precisar de declaração de residência, abrir conta em banco, ir ao médico, o mestre está lá para conseguir tudo. E faz questão de citar os muitos colaboradores, o Marcinho, a Taís, o Neno, a Solange...

Lilian de Souza Luiz é a prova disso. Desempregada, moradora do núcleo há apenas um ano, nunca se sentiu desamparada; e já ajudou a muitos também.

Neste momento de gravidade da pandemia, o mais dramático desde o seu início, Mestre Baianinho se conforta dizendo ser muito bom ver o sorriso de uma pessoa que conseguiu ajudar. “A gente não está aqui para dizer ‘não’. Pode ser que no momento não tenho o que a outra pessoa precisa, mas a gente procura outros que ajudam.”

Convidado a dar palestras em outras cidades brasileiras, o mestre avalia que poderia morar ‘em outro canto’, mas prefere continuar ali mesmo, no Núcleo dos Missionários, onde sente que tem um trabalho a realizar. “Se é missão de vida, não tenho muita certeza; mas sei que é missão que Deus me deu pra ajudar o próximo. Se tenho alguma coisa pra dar lá na frente, é Deus quem sabe.”

Gratificado porque faz ‘de coração’, como diz, com amor por todos, sejam eles adultos, crianças, jovens, Mestre Baianinho só gostaria que mais moradores locais levassem a sério a Covid, o que, segundo ele, poucos fazem.

“Preocupo-me muito porque eu tenho filhas, tenho netos, e isso me deixa com medo; não é preocupação, é medo. Não muito por mim, mas pelos meus netos e pelas minhas filhas”, diz, pensando que o medo também já virou uma doença, porque muitos não se cuidam e a tragédia continua.

E pode ainda piorar, com a ameaça de falta de medicamentos em todo o Brasil, especialmente aqueles usados na entubação de pacientes e também escassez do oxigênio que salva vidas.

Então, gente, se cuida, não faz isso. Saiu da porta para fora, usa máscara; chegou, limpa os pés, passa álcool nas mãos, nos braços; proteja-se, porque a nossa família hoje é tudo. Não vacile! 




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