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Picerni agora vê equipe em disputa amadora

Ex-técnico do clube critica escolhas de atletas e interferências

Thiago Bassan
30/09/2014 | 07:37
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Um dos maiores treinadores da história do São Caetano, Jair Picerni se mostrou perplexo ao falar sobre o momento do clube. Responsável por levar o time para a Primeira Divisão do futebol paulista em 2000 e, no segundo semestre, encantar o País com a equipe sensação que eliminou Palmeiras, Fluminense e Grêmio da Copa João Havelange – reconhecido depois como o Campeonato Brasileiro da temporada –, e perdeu o título para o Vasco, em decisão contestada até os dias atuais, o ex-comandante do Azulão compara a Série D à categoria amadora.

“Não tenho mais acompanhado o time. Os jogos não passam mais na TV. Mas cair outra divisão é a mesma coisa que disputar campeonato amador. Não é nem começar do zero, não tem como analisar essa situação. Existem escolhas equivocadas. Falta sensibilidade para selecionar jogadores, de acordo com o peso do São Caetano. Muita gente não está dando valor, respeitando o clube. Alguma coisa está acontecendo que não sabemos”, disse Picerni, ao tentar justificar a queda.

Treinador do clube entre 1999 a 2002, Picerni detalhou o planejamento da equipe em sua época. “Dentro de um ano, fomos campeões de três divisões. O time tinha jogadores como Túlio Maravilha, Adhemar, César, Esquerdinha... eles formavam a base. E nós fomos bem-sucedidos porque existia uma maneira de se pensar. Você perdia o César, Adhemar, Claudecir e vinham jogadores como Marcos Senna, Mancini, ou seja, a reposição era imediata. E no mesmo nível. Hoje não se vê isso. Na minha época, se falava em clube-empresa, o São Caetano era assim. Sobrava dinheiro. O César foi vendido para a Itália e como brinde, o clube me deu dez dias para conhecer o País, a passeio. A gratificação aos profissionais era boa, isso motivava. O São Caetano foi projetado para ganhar títulos, isso não aconteceu comigo, mas veio anos depois, com o Muricy conquistando o Paulista em 2004”, recordou.

Picerni comandou o Palmeiras, clube no qual conquistou a Série B do Brasileiro em 2003, além de já ter passado por outras agremiações de destaque no futebol nacional, como Atlético-MG, Corinthians, Sport, Ponte Preta, Guarani, Red Bull (que o mesmo considera o futuro São Caetano por causa da boa estrutura), entre outros, além de ter dirigido a Seleção Brasileira na Olimpíada de Los Angeles em 1984, ficando com a medalha de prata. Mas, onde vai, o treinador é lembrado pelo trabalho à frente do Azulão e não escondeu a mágoa com a fase atual.

“Isso me entristece bastante. machuca, por tudo que o clube alcançou um dia. A gente ia jogar no México, por exemplo, pela Copa Libertadores, e as pessoas perguntavam se era um time de alguma faculdade brasileira. Era estranho, inusitado, mas em campo aquilo motivava a gente. As condições do São Caetano eram melhores que as de equipes grandes do futebol nacional. Eu mesmo neguei convites de Palmeiras, Internacional, Grêmio e seleção do Peru, para seguir no São Caetano. Hoje, quem faria isso?”, indagou.

Sem querer entrar em polêmicas, Picerni deixou uma dúvida no ar sobre o momento do Azulão. “Não sei quem está interferindo no clube atualmente. Mas se tem algum empresário empurrando jogador, se há isso, está fazendo feio, muito feio”, finalizou.

 




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