Economia Titulo Queda
Atividade no comércio é de desaceleração

Vendas cresceram 8,5% no primeiro trimestre,
mas taxa de expansão é menor do que em 2010

Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
05/04/2011 | 07:30
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A alta na atividade do comércio neste primeiro trimestre, de 8,5% contra o mesmo período do ano passado, dá sinais de que o setor já não vive as maravilhas do que foi em 2010. O percentual indica que o ritmo de crescimento é menor do que o desempenhado de janeiro a março do ano passado, de 10,3%.

Para se ter ideia, o ritmo do primeiro trimestre de 2010 contra 2009 foi de 11,3%. Os dados foram divulgados ontem pela Serasa Experian.

Em março, gastos nas lojas subiram 5,5%, frente ao mesmo mês do ano passado. Apesar disso, é a menor taxa de expansão anual desde julho de 2009. Tanto que, contra fevereiro, o setor recuou 0,8%.

O balanço é sinal de que os efeitos das medidas macroprudenciais do governo já surtiram algum efeito. Entre as ações, houve restrição e encarecimento de crédito, com elevação da taxa de depósitos compulsórios aos bancos; cortes no Orçamento federal - além de ciclo de altas na Selic (taxa básica de juros), fixada em 11,75%.

"A atividade continua crescendo, não é um resultado fraco. Mas demonstra impacto para diminuir ritmo de crescimento no comércio", frisou o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi. Ele acrescentou que emprego estável junto à alta na renda explicam a expansão deste ano.

GRANDE ABC

As sete cidades da região parecem estar blindadas dos efeitos aplicados pela União com intuito de frear a economia, segundo o assessor da presidência da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Nelson Tadeu Pereira.

Ele disse que indicadores da associação revelam estabilidade no ritmo de crescimento entre os primeiros trimestres deste ano e de 2010.

"Porém, com as ações do governo, pode ser que o ritmo diminua nos próximos meses mesmo", frisou. O especialista, no entanto, acrescentou que não há indicativos regionais que apontem claramente para esse caminho.

Outros pilares que sustentam o comércio do Grande ABC são o crescimento da renda e do consumo, e o maior contingente no mercado de trabalho. "Talvez isso compense as ações do governo. Hoje podemos afirmar isso", ressaltou Pereira.

No cenário nacional, a expectativa é de que a taxa de crescimento do consumo no comércio tenda a seguir abaixo dos 8,5% acumulados até março. Tal quadro é previsto por estudos da Serasa que apontam restrições econômicas mais intensas - fruto das ações federais - a partir do segundo semestre.

Material de construção é o item mais procurado por clientes

Materiais de construção foram os itens mais demandados no varejo neste primeiro trimestre. O indicador da Serasa Experian revelou que a procura por esse item subiu 14,1%, em comparação com os três primeiros meses de 2010.

Os setores de móveis, eletroeletrônicos e informática também se sairam bem e aparecem na segunda posição. A alta foi de 8,9% ante o trimestre inicial do ano passado. Nos mesmos critérios comparativos segue o consumo de combustíveis e lubrificantes - com elevação de 6,1%.

Luiz Rabi, da Serasa, explicou que os itens que lideraram a alta no comércio no período ainda contam com incentivos fiscais, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o que deixa o consumidor de olho nesses produtos.

"Esse setor teve um ano maravilhoso em 2010", disse. Sobre este ano, ele afirmou que ainda há rescaldos desse cenário positivo. "Há confiança em investir na construção, reformando ou comprando imóveis. (O nicho) também contou com recentes linhas de crédito, diferenciadas e mais vantajosas." O especialista ainda estimou que o segmento deve puxar as altas do comércio até dezembro.

QUEDA

O setor de veículos, motos e peças, por sua vez, foi o que liderou a ponta de recuos no trimestre. A queda foi de 1,6%, segundo o balanço divulgado ontem. O ramo de tecidos, vestuários, calçados e acessórios teve a segunda menor baixa, de 1%.

Rabi explicou que o percentual negativo nos carros ocorreu porque as peças também compõem os cálculos do indicador. "Essa queda pode ter sido puxada pelo setor de autopeças", contou. Isso serve para explicar a negatividade, já que as vendas de veículos ainda seguem em alta no País.




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