Se para os italianos a Ferrari é mais que uma equipe de Fórmula 1 e o sentimento pelos carros vermelhos de Maranello se assemelha à religião, o dia seguinte à perda do título de 2010 para a Red Bull de Sebastian Vettel ganhou repercussão muito além do normal. Ao ponto de um dos ministros do país responsabilizar o presidente da escuderia, Luca di Montezemolo, pela derrapada na corrida de domingo e sugerir que ele pedisse demissão. Sem contar os jornais, que circularam com manchetes catastróficas.

Roberto Calderoli, ministro do gabinete de Silvio Berlusconi, foi enfático ao apontar Montezemolo como o principal culpado pela estratégia equivocada que foi colocada em prática pela equipe em Abu Dhabi, que fez com Fernando Alonso terminasse apenas na oitava colocação.

"Apesar da capacidade do excelente Alonso, a Ferrari conseguiu perder um campeonato já ganho. Estamos envergonhados por essa estratégia insana, e ele (Montezemolo) é o culpado. Ele deve sair de Maranello imediatamente para que não cause maiores danos à Ferrari. Ao cair da noite, esperamos por sua demissão", declarou o ministro à agência de notícias MGG.

Montezemolo não citou o nome do político, mas respondeu às críticas. "Às vezes, os vencedores perdem, mas nós não vamos desistir. Há algumas pequenas pessoas que sistematicamente se colocam contra o país e seus símbolos. Felizmente, eles são minoria", disse ao jornal Il Messaggero.

No site da Ferrari ele foi mais direto. "Quando o estadista Calderoli realizar na sua vida um por cento do que a Ferrari já fez por este país em termos de indústria e de esportes, aí ele merecerá uma resposta", declarou.

Entre os pilotos, Alonso afirmou ontem ao site da equipe que continua "apaixonado pela Ferrari", mas admitiu que foi muito duro despertar ontem. "Doi estar tão perto do objetivo e ele escapar assim. Mas o esporte é isto e temos de aceitar." Felipe Massa afirmou que a equipe precisa começar já a trabalhar de olho em 2011.