Política Titulo Violação
Polícia Civil está fora das investigações sobre sigilo

Juiz de Santo André exclui Polícia Civil da averiguação
sobre quebra de sigilo fiscal de contribuintes na Receita

Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
15/09/2010 | 08:44
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Decisão do juiz José Carlos Camargo, da 1ª Vara Criminal de Santo André, suspendeu as investigações da Polícia Civil sobre a quebra do sigilo fiscal de milhares de contribuintes na agência da Receita Federal da cidade.

Segundo o magistrado, a investigação cabe apenas à PF (Polícia Federal) porque o crime atingiria a União. "A Súmula 122 do STJ (Superior Tribunal de Justiça) é clara a respeito. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual", sustentou.

Cabe recurso da decisão. Até o momento, a Polícia Civil, Secretaria de Segurança Pública e MP (Ministério Público) ainda não foram informados oficialmente da sentença e por isso não se manifestaram.

"Fiquei sabendo (da decisão) pela imprensa, mas ainda não fui comunicado", declarou ontem o delegado Seccional de Santo André, José Emílio Pescarmona. "A investigação continua, em termos. Agora preciso agir com cautela já que estou alertado da decisão", completou.

Investigações - A Delegacia Seccional de Santo André apurava, com base em inquérito aberto há menos de duas semanas, envolvimento de suposta quadrilha especializada em violar a declaração do imposto de renda de contribuintes na agência da Receita Federal de Santo André.

Para evitar conflitos com a PF, a investigação se restringia aos casos de falsidade ideológica e falsificação de documento por parte do contador Antônio Carlos Atella Ferreira e do office-boy Ademir Estevam Cabral.

Ambos são acusados de forjar procuração para conseguir cópias da declaração do Imposto de Renda de Verônica Serra e Alexandre Bourgeois - filha e genro do candidato do PSDB à Presidência, José Serra.

O pedido da Polícia Civil, rejeitado pela Justiça, era para ter acesso ao histórico das chamadas telefônicas de Atella e Cabral e, por meio de cruzamentos entre as ligações, identificar os mentores da fraude.

Entretanto, para o juiz, "o uso do documento falso atingiu serviços e interesses da União". "Se a Justiça Estadual não é competente para o processo principal, também não é para a cautelar de quebra de sigilo de dados telefônicos", afirmou.

Segundo comentários de bastidores, a investigação da Polícia Civil visava dar mais agilidade à apuração - o órgão é comandado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. sob o comando do PSDB, que tenta dar conotação eleitoral ao episódio e acusa a concorrente do PT, Dilma Rousseff, pelo crime. Ela nega envolvimento.




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