O fim da greve dos servidores da Justiça, que durou 127 dias e se encerrou ontem no Grande ABC, não significa retorno imediato à normalidade de atendimento nas varas judiciais. Isso porque há grande acúmulo de processos e audiências não realizadas, mesmo com a adesão parcial ao movimento grevista na região.

Segundo a diretora da Assojuris (Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo) Maria Aparecida Nunes, a expectativa é de que só dentro de um ano seja possível normalizar os serviços do Grande ABC, sobretudo por paralisações em São Bernardo. "Em lugares como a Baixada Santista, em que a paralisação foi grande, levará mais de um ano", acrescenta a delegada da associação Regiane Rocha.

Em todo o Estado, estima-se que são 100 mil o número de audiências desmarcadas, 300 mil o total de processos represados e 280 mil sentenças desmarcadas. Há previsão também de que o tempo de atraso nos processos chegará a um ano e meio.

Contatada pela reportagem, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) informou que não é possível quantificar o prejuízo gerado pela paralisação, nem em quanto tempo haverá normalização do atendimento.

No entanto, por meio do site da Corregedoria Nacional de Justiça, é possível verificar, por exemplo, que não houve interrupção em sentenças ou audiências realizadas, mas o número caiu bastante, em alguns casos, para menos da metade.

DECISÃO
A greve chegou ao fim nesta semana, depois de acordo firmado entre os representantes dos servidores e a Presidência do TJ-SP, que comprometeu a efetuar a reposição salarial da categoria a partir de janeiro de 2011, visando atingir, no mínimo, o percentual de 4,77% dos 20,16% pretendidos através do dissídio coletivo. Em relação ao dias parados, haverá a compensação através de mutirões, horas credoras, licenças-prêmio ou férias.