Política Titulo Aidan
Nem Serra, nem Temer
Beto Silva
Mark Ribeiro
21/08/2010 | 08:55
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O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), está mesmo confuso na escolha de seu candidato à Presidência da República. Um dia depois de declarar apoio a Michel Temer (PMDB), que concorre a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff (PT), o petebista pisou no freio e afirmou que poderá alterar, mais uma vez, a decisão.

De acordo com o chefe do Executivo, seu posicionamento será definido entre hoje e amanhã, em reunião com as executivas nacional e estadual do PTB, em São Paulo. "A gente precisa dessa posição. Acho que é o partido que vai dar o norte de tudo, porque se não, a gente fica numa posição muito complicada", disse ontem à noite, durante a inauguração do comitê regional do PSDB, em Santo André.

O posicionamento de Aidan sobre o seu candidato na corrida ao Palácio do Planalto virou longa novela, com capítulos que poucos roteiristas possam compreender. O prefeito guardou segredo por quase um mês após o início da campanha, quando no dia 3 anunciou que trabalharia pela candidatura de José Serra (PSDB). Nada mais natural, já que o PTB está coligado ao PSDB nas esferas estadual e federal.

No entanto, em encontro com Michel Temer na quinta-feira, Aidan surpreendeu ao declarar apoio ao amigo peemedebista (evitou citar o nome de Dilma). Ontem, reconheceu ter agido por impulso. "Houve uma precipitação, porque assim, a gente não pode jogar a amizade fora e falar: ‘não, olha o partido, eu não posso falar com você'. Não posso fazer isso."

SAIA JUSTA - Enquanto o prefeito não se define entre Serra e Dilma, dá margem para críticas até mesmo de quem está na base de seu governo. "Me parece inapropriado ele, eleito pelo voto antipetista, não seguir a coligação e, oportunamente, se apoiar na candidatura que está bem colocada nas pesquisas", disparou o vereador Paulinho Serra (PSDB), integrante do bloco de sustentação a Aidan na Câmara, ao comentar a declaração de apoio do petebista a Temer.

"Como tucano sinto-me traído pelo prefeito. Nós do PSDB não estamos conformados. Damos base a ele na Câmara, o apoiamos no segundo turno (das eleições municipais, em 2008), o PTB apoia o PSDB... É muito triste para a gente esta postura", analisou o parlamentar. "Dá a impressão ruim de oportunismo, de não ter lado. Tem que ter posição neste momento. Ele não tem", reiterou.

Paulinho Serra compara a campanha "afiançada" de Dilma por Lula com a de Celso Pitta por Paulo Maluf na corrida para a Prefeitura de São Paulo em 1996. "Daí mais uma decepção com o prefeito", ressaltou.

Candidato do PSDB ao governo do Estado, Geraldo Alckmin foi complacente, mas disse esperar que Aidan trabalhe não só por ele, mas também por Serra. "No que depender de nós, estaremos com a chapa completa."
Coordenadores políticos das campanhas majoritárias tucanas no Grande ABC, os prefeitos José Auricchio Júnior (PTB-São Caetano) e Adler Kiko Teixeira (PSDB-Rio Grande da Serra), desconfortáveis, não quiseram comentar a indefinição do colega. A linha foi seguida pelo presidente estadual do PTB, Campos Machado.




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