A Orquestra Filarmônica de São Caetano, sob regência do maestro Sérgio Assumpção, apresenta neste fim de semana programação tupiniquim. Os compositores Villa-Lobos e Guerra-Peixe integram o repertório da formação, que se apresenta no Teatro Paulo Machado de Carvalho hoje e amanhã. A entrada é franca.

Para abrir a noite, o grupo exibe as 'Bachianas Brasileiras nº 7'. Também de Heitor Villa-Lobos, em seguida, será executado o 'Concerto para Violão e Pequena Orquestra', que conta com participação do violonista Fábio Zanon. Para fechar, 'A Retirada da Laguna', de César Guerra-Peixe.

A primeira obra integra o ciclo de nove suítes feitas para misturar o universo musical de Bach às canções tradicionais brasileiras. Nas 'Bachianas nº 7' diversos elementos da música do alemão podem ser encontradas em conjunto com temas típicos nossos.

"Em seus quatro movimentos, a obra explora um panorama diverso de expressões. No 'Prelúdio (Ponteio)', um caráter de improviso se impõe, à maneira do violão popular, e, junto a uma melodia que nos remete à modinha, desenhos tipicamente bachianos articulam-se. Na 'Giga', uma dança cujas origens remontam à Renascença e que foi utilizada nas suítes do período barroco, ao qual Bach pertence, Villa-Lobos enxerga relações com a nossa quadrilha caipira", explica o maestro.

"Na 'Tocata', o virtuosismo dos intérpretes é visto como um duelo, à maneira do ‘desafio' que ainda hoje podemos ouvir, especialmente na região Nordeste de nosso País. No último movimento, Villa presta uma homenagem à forma musical mais cara a Bach, a fuga, aqui vista como uma ‘conversa', que encerra a obra com um caráter ao mesmo tempo espontâneo e solene", completa Assumpção.

Em seguida, entra em cena Fábio Zanon, que, segundo o maestro, faz coro à importante faceta da obra de Villa-Lobos: o trabalho com o violão. "Seus 12 estudos, os cinco 'Prelúdios', a 'Suíte Popular Brasileira', os 'Choros nº 1' e o 'Concerto para Violão e Pequena Orquestra' são obras obrigatórias para todos os grandes violonistas. Dois fatores muito contribuíram para que isso se desse: a influência dos chorões, nas rodas de choro e samba que Villa frequentava no Rio de Janeiro, e sua estreita relação com um dos maiores violonistas de todos os tempos, o espanhol Andrés Segovia (1893-1987), com quem teve contato nos anos em que esteve em Paris", comenta.

Para fechar, Guerra-Peixe é reverenciado com seu tema que narra o fracasso das tropas brasileiras em solo paraguaio durante uma das mais importantes batalhas da Guerra do Paraguai, que durou entre 1964 e 1870.

"Em 'A Retirada da Laguna', Guerra-Peixe nos pinta quadros que retratam os atos de heroísmo que se destacaram em meio à fragorosa derrota sofrida. As impressões musicais ocupam dez movimentos, e alternam momentos de expectativa, de alegria, de tristeza e de intensa dramaticidade", completa Assumpção.

Orquestra Filarmônica de São Caetano - Concerto. Hoje, às 20h30, e amanhã, às 19h30. No Teatro Paulo Machado de Carvalho - Alameda Conde de Porto Alegre, 840 - São Caetano. Tel.: 4220-3924. Grátis.