Além de Muricy Ramalho, o gerente de futebol Toninho Cecílio foi outra vítima da goleada sofrida pelo Palmeiras contra o São Caetano. Pressionado, o dirigente entregou o cargo na quinta-feira. No entanto, recebeu apoio de Gilberto Cipullo, vice de futebol, a quem a torcida alviverde também direcionou sonoras vaias após o vexame diante da equipe do Grande ABC.

"O Cecílio pediu demissão, entendeu que era o momento de deixar a diretoria à vontade. Mas acho que foi injustiçado, fez um trabalho excelente. As pessoas não sabem como o seu trabalho era cansativo", disse Cipullo.

A atual direção do Palmeiras tem sido duramente criticada pelo grupo de oposição, mas responde que levou o clube de volta à disputa das principais competições. Cipullo destacou a contribuição de Toninho Cecílio neste processo.

"Ele reorganizou o departamento, é um profissional de extrema competência, será útil em qualquer outra equipe. É um cara vitorioso, foi capitão do Palmeiras, jogou na Seleção, e recentemente ganhou o Campeonato Paulista conosco", citou.

Uma das críticas à atual diretoria do Verdão é com relação aos gastos, sobretudo com os altos salários pagos às comissões técnicas.

Nenhum clube do País gastou tanto em salários com comissões técnicas e contratação de jogadores desde 2008.

Só com Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho e os profissionais indicados por ambos, o Palmeiras gastou R$ 21 milhões nos últimos 26 meses.

Desde 2008, com exceção da interinidade de Jorginho na temporada passada, o clube tem o treinador mais caro do Brasil.

Com recursos próprios, e principalmente com recursos da parceira Traffic, o Palmeiras investiu cerca de R$ 40 milhões em reforços (sem contar os salários dos jogadores) desde que contratou Luxemburgo.

Mas o clube mostrou até agora que muito dinheiro foi gasto de forma equivocada. E isso não aconteceu apenas com treinadores famosos que fracassaram e jogadores que não deram retorno.

A reforma do gramado é um exemplo. Remodelado em 2008 e com novas obras no ano passado no sistema de drenagem, o gramado do Palestra Itália não resiste às chuvas fortes.

Minutos antes do jogo com o São Caetano, funcionários tiveram de puxar água do campo.

Nairo, do Azulão, se diz desapontado com atitude do treinador

O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza, admitiu ontem desapontamento com a saída de Antonio Carlos. "Entendo que é o sonho de todo treinador dirigir um grande clube. Infelizmente, não temos condições de acompanhar o que os grandes clubes pagam. Claro que a gente fica chateado, porque renovamos o contrato dele e agora teremos de procurar outro (técnico) e rever o planejamento para a temporada", afirmou.

O dirigente não adiantou nomes. Disse apenas que o clube já procura treinador e que o anúncio só deve sair na próxima semana.

Antonio Carlos foi evasivo ao ser questionado sobre colocar de lado o planejamento traçado por ele para ajudar o Azulão a voltar à elite do Nacional. "Deixo o São Caetano com tristeza, mas estou indo para um lugar que considero a minha casa, onde joguei, tenho amigos e sou respeitado."

O time será comandado interinamente contra o Mogi Mirim amanhã, no Anacleto Campanella, pelo auxiliar-técnico Ivan Baitello.

Seraphim Del Grande é resgatado e volta à diretoria de futebol

Na onda de mudanças no departamento de futebol, o Palmeiras resgatou um antigo diretor da era Parmalat para ajudar o clube a enfrentar a turbulência. Seraphim Del Grande, diretor de futebol nos anos 1990, assume novamente o cargo.

O ex-presidente do Conselho Deliberativo do Alviverde trabalhará ao lado de Genaro Marino e Savério Orlandi, outros diretores que o futebol já tinha.

Embora estivesse fora do comando do futebol, Del Grande mantinha voz ativa no clube e atuava como espécie de conselheiro do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

Juntamente com Belluzzo, Del Grande participou da reunião que definiu a demissão do técnico Muricy Ramalho e também da contratação de Antonio Carlos Zago, novo treinador da equipe.

Apesar de ter colocado novamente Del Grande na diretoria, o Palmeiras ainda vai contratar um gerente de futebol remunerado para substituir Toninho Cecílio, que pediu demissão na quinta-feira.

Ontem, após a confirmação da volta de Del Grande e ao comentar a contratação de Antonio Carlos, Belluzzo elogiou o papel do novo técnico, em 2008, como gerente de futebol do Corinthinas.

"Foi muito feliz na montagem do elenco que foi campeão da Copa do Brasil e do Paulista. Conhece futebol e é uma pessoa em quem a gente confia." (Das Agências)