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Escolas de S.Bernardo realizam últimos ajustes
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/02/2010 | 07:05
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À véspera do desfile de São Bernardo, as escolas de samba preparavam os últimos detalhes antes de entrar no sambódromo hoje, a partir das 19h, na Avenida Aldino Pinotti, próximo ao Paço Municipal.

No barracão da bicampeã Mocidade Alegre de São Leopoldo, os carros alegóricos estavam prontos e algumas fantasias, como as do abre-alas, ainda recebiam os ajustes finais.

O tempo que as agremiações tiveram para se preparar neste ano foi muito curto. A verba que recebem como subvenção da Prefeitura de São Bernardo, cerca de R$ 45 mil, só foi depositada no início do mês.

"Geralmente recebemos a verba em dezembro. Não fosse por salário, abono e férias do presidente da escola, não teríamos conseguido nos organizar antes", conta a vice-presidente Ana Maria de Oliveira Gimenes.

Ao todo, foram 20 dias para confeccionar 400 fantasias e três carros alegóricos. "Reciclamos muita coisa para o desfile deste ano, desde ferragens a garrafas PET para reduzir nossos custos. E ainda cortamos pessoal da bateria porque não deu tempo de treinar todos (de 80 componentes vão sair apenas 65)", conta Ana Maria.

Neste ano, a escola, que contabiliza ter gastado R$ 13 mil a mais do que o recebido pela Prefeitura, teve de mudar o samba-enredo inicial para adaptar os figurinos à verba disponível. "A ideia era falar sobre os negros e as minas de ouro. Mas os recursos nos permitiram abordar como tema a fé, que demanda menos ferragens", explica o carnavalesco Alexandre Caetano.

O tema da São Leopoldo é De Joelhos ou em Pé: a Caminho da Fé. Segundo a vice-presidente, os integrantes estão tranquilos quanto ao trabalho desenvolvido. "Não fizemos um Carnaval para perder. Tudo vai impecável para a avenida. Se perdermos será por conta de algum deslize na harmonia ou eventual atraso". A escola, fundada há dez anos, coleciona três vitórias e o mesmo número de vice-campeonatos.

ESTREIA - Igualmente otimista está a estreante no Grupo I, Unidos da Vila Rosa. Embora a escola exista desde 1998, é a primeira vez que irá desfilar no primeiro grupo. "Nossa expectativa é grande e estamos muito confiantes. Nosso único problema foi a falta de ajuda de custo. Em bairros mais pobres os vereadores costumam ajudar mais. De certa forma, isso nos prejudica, pois quem tem mais verba, consegue fazer um trabalho melhor", desabafa o carnavalesco Sandro Liberato.

O samba-enredo da escola aborda o universo infantil, com o tema Vila Rosa Sbre Livros, Conta Histórias e Faz as Crianças Sonharem. "Apesar de sermos a primeira a desfilar, e estarmos pela primeira vez no grupo, não vamos nos intimidar. Faremos nosso melhor", diz Liberato, que há 15 dias dorme no barracão da agremiação.

Campeã leva R$ 500 para pagar o chope

A premiação oferecida à escola de samba vencedora do Carnaval de São Bernardo é, além do troféu, uma ajuda de custo de R$ 500. "É para o chope", avisa a vice-presidente da Mocidade Alegre de São Leopoldo, Ana Maria de Oliveira Gimenes. "Como não dá para bancar um churrasco, compramos também uns salgadinhos", complementa.

As agremiações de São Bernardo precisam de patrocinadores. Mesmo no caso da São Leopoldo, que é coligada à paulistana Dragões da Real. "Fazemos isso porque somos apaixonados pelo Carnaval. Mas, neste ano, conseguimos patrocínio de 40 camisetas para o apoio (quem empurra os carros alegóricos, por exemplo), oferecidas pela padaria Flor de Castelo", conta Ana Maria.

Os R$ 1.000 do aluguel do barracão tem metade paga por um doador que prefere ficar no anonimato. O restante é arrecadado com a realização de bingos beneficentes e locação para festas de aniversário.

Na Unidos da Vila Rosa, há quatro anos quem financia o barracão onde estão instalados é o vereador Palhinha (PTdoB).

Quanto às fantasias, embora ninguém precise pagar por elas - já que o dinheiro empregado é o oferecido pela Prefeitura -, em casos como as vestimentas de destaque, quem vai usá-las precisa complementar os gastos. "Fazemos o básico, mas para bordar mais pedras a fim de enriquecer a alegoria, por exemplo, é preciso levar a uma costureira e pagar à parte", explica Sandro Liberato, carnavalesco da Vila Rosa.

Lá, a fantasia mais cara acaba saindo por R$ 2.000. Na São Leopoldo, por R$ 800. Em ambas as escolas, existe um grupo de dez pessoas que as mantém em funcionamento. São aposentados, bancários, metalúrgicos, donas de casa e vendedores, entre outros, que dedicam suas férias para preparar o desfile.

"Durante o ano todo trabalho a mais e acumulo horas extras para tirá-las com minhas férias. Assim consigo ficar dois meses só me dedicando ao Carnaval", conta Liberato, também analista de sistemas.




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