Economia Titulo Mercado
Petroquímicas devem ganhar impulso em 2010
Leone Farias
Pedro Souza
14/12/2009 | 07:10
Compartilhar notícia


Calcado na recuperação da economia brasileira, que pode crescer 5% no ano que vem, segundo projeções de especialistas, o setor petroquímico nacional caminha para se fortalecer no País e ampliar presença no Exterior em 2010.

Em relação a este ano, o presidente do Siresp (Sindicato das Indústrias de Resinas Plásticas), Vítor Mallmann, calcula que a indústria de resinas (que são destinadas à fabricação de peças e embalagens de plástico) "deve crescer discreto 1% no acumulado de 2009". Seu argumento é baseado na recuperação até o fim do terceiro trimestre. Mallmann projeta um crescimento da demanda interna entre 5% e 7% para 2010.

"Quando falamos em mercado de 2009, precisamos considerar o fim de 2008", diz Mallmann, referindo-se ao agravamento da crise financeira internacional.
"Quando achamos que sairíamos da crise, janeiro apresentou queda de 31%", lembra Mallmann. A reviravolta do setor teve início em fevereiro, quando o decréscimo desacelerou para 4%. Ele aponta que a demanda interna foi um dos pilares da recuperação.

Especialista em negócios petroquímicos, a presidente da consultoria americana IntelliChem.inc, Rina Quijada, diz que o Brasil está bem a frente dos demais países na recuperação do setor após a crise.

Ela compara o baixo crédito ao setor petroquímico nos Estados Unidos com o movimento oposto que acontece no Brasil. "E a demanda no Brasil é muito grande se comparada com os Estados Unidos".

CONSOLIDAÇÃO
Além da expectativa de demanda doméstica aquecida, o mercado espera a consolidação que virá com a aguardada conclusão de negociações para a fusão entre as gigantes Braskem e Quattor, que vão dominar quase todo o mercado nacional de resinas termoplásticas.

Na atividade, escala (ou seja, tamanho de produção) é considerado fator importante de competitividade e a concentração pode dar força para o segmento nacional fazer frente à concorrência internacional.

As perspectivas são favoráveis também, segundo a diretora da consultoria Maxiquim, Solange Stumpf, porque os preços da matéria-prima têm se mostrado mais estáveis nos últimos meses. Depois de chegar ao patamar de US$ 150 o barril em 2008, o preço do petróleo caiu pela metade neste ano. O mesmo vale para a nafta petroquímica (derivada daquele insumo), cuja cotação gira em US$ 630 a tonelada. No ano passado, alcançou duas vezes esse valor.

 

 Tendência é de união entre pequenas do setor plástico

A tendência é que os pequenos fabricantes de itens de plástico se unam, para formar companhias médias, com o objetivo de ganhar melhores condições de negociação. É o que aponta o presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), Merheg Cachum. Ele cita que atualmente o segmento é muito pulverizado - são mais de 11 mil empresas no País - e a concentração na área petroquímica deve exigir o fortalecimento também dos transformadores (ou seja, a indústria de peças e embalagens).

O segmento sofreu, em 2009, com a falta de crédito, mas os incentivos fiscais para a área automotiva, eletrodomésticos, móveis e para construção civil, ajudaram a reativar a atividade. Mesmo assim, a previsão é de queda de 20% no faturamento do setor neste ano.

Para Cachum, é importante também o fortalecimento de parcerias com a indústria petroquímica. Ele acrescenta: "O grande câncer da indústraia é a alta carga tributária, que mata a indústria. Vale mais a pena comprar lá fora. Não apenas da China", afirma.

EXPORTAÇÕES
O setor plástico apresenta forte déficit comercial (importações maiores que exportações). Por sua vez, os produtores de resinas vão bem em vendas ao Exterior, apesar de dificuldades, no inicío do ano, por conta dos preços em baixa no mercado internacional. A partir do segundo semestre, as exportações foram melhores do que se esperava.

Ao contrário das encomendas de automóveis, as resinas produzidas pela Quattor (por exemplo, o polipropileno) ganharam espaço no Exterior neste ano. De janeiro a novembro, esse item liderou a pauta de exportação de Mauá, crescendo em vendas 16,5%. Um dos motivos foi a demanda dos países asiáticos (com destaque para a China). (Leone Farias)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;