Após a chuva de terça-feira, a creche inacabada da Rua da Praça, no Jardim Santo André, em Santo André, recebeu mais uma família desalojada. A obra do governo do Estado é utilizada pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para abrigar, de forma precária e improvisada, três adultos e cinco crianças desde outubro.

A jardineira desempregada Elaine Cristina Lima Marques, 30 anos, chegou à creche no final da manhã de quarta-feira, após passar a noite no barraco de um vizinho do Jardim Santo André. "Acordei às 4h (de terça-feira), no meio da madrugada, com o banheiro quase caindo em cima de mim. Saí correndo com as crianças", lembra a jardineira. "Choveu muito, a lama escorregou e derrubou o barraco."

A casa que desapareceu havia sido comprada seis meses antes. "Morava de aluguel no Jardim Irene, e tinha conseguido dinheiro para ter minha casinha. Agora, foi-se tudo", disse. Elaine deixou as filhas Katielli, 11, e Carolina, 5, na casa da ex-sogra e aceitou o convite de um vizinho para passar o dia lá. Durante a tarde, foi informada por um funcionário da CDHU, proprietária do terreno onde o barraco estava montado, que poderia ir para a creche da Rua da Praça.

"Encontrei tudo muito úmido e sujo", diz a mulher, que passou a tarde inteira secando o chão do que seria uma sala de aula. Ao se apresentar para as outras duas famílias, Elaine ouviu de Evelyn Joplin, 27: "O banho aqui é frio." Apesar das constantes reclamações, o defeito ainda não foi arrumado pela CDHU. "As crianças estão ficando doentes", diz Evelyn.