Política Titulo Parque
Cidade da Criança é alvo de impasse

Governo de Marinho afirma que parque estava inacabado,
mas oposição nega; espaço deve reabrir em 02 de janeiro

Loli Puertas
Do Diário do Grande ABC
05/11/2009 | 07:37
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Já se passaram nove meses desde a inauguração da Cidade da Criança e ela ainda permanece fechada. Um impasse político esconde-se dentro dos portões do espaço. Divididos, o governo do prefeito Luiz Marinho (PT) e do anterior de Willian Dib (PSDB) tem, cada um, sua versão dos fatos. Do lado de fora, a população, a mais prejudicada, terá de aguardar até 2 de janeiro do ano que vem, data prometida por Marinho para reabrir o espaço.

Dib diz que inaugurou a Cidade da Criança, reformulada sob o modelo de um parque educacional, completo e pronto para funcionar. Apenas faltava a contratação de mão de obra e o planetário. "Não contratamos os funcionários por causa do período eleitoral e como esperávamos ganhar as eleições teríamos tempo para isso. Em janeiro, haveria o concurso e em fevereiro abriríamos o parque, com o novo projeto educacional, juntamente, com o início das aulas. Marinho já poderia ter aberto os portões", afirma o vereador Admir Ferro (PSDB), ex-secretário de Educação e Cultura e gerenciador do projeto.

O governo de Lujz Marinho (PT) que assumiu a gestão diz que o parque "foi inaugurado inacabado e sem condições de receber a população".

A Prefeitura de São Bernardo, por meio da assessoria de imprensa, informou que um dia depois da inauguração o parque estava fechado e que apesar de se intitular "parque escola" não havia projeto pedagógico considerado consistente. A nota diz ainda. "O que ocorreu foi uma descaracterização total do espaço". Segundo a assessoria, o prefeito Marinho recebeu a Cidade da Criança fechada e depois de vistoria técnica detectou vários problemas que poderiam representar risco às crianças.

Admir nega e garante que, na inauguração, tudo funcionava dentro das normas de segurança. "Eles querem desassociar esse projeto do governo Dib. Os equipamentos instalados são todos novos".

O vereador questiona o fato de a Prefeitura até o momento não abrir o parque sob a alegação de falta de condições. "Se estava tudo destruido, como eles vão abrir em janeiro sem ter reformado nada. Faz um ano que ninguém entra no local. Não há nenhuma obra lá", diz Ferro.

A reabertura da Cidade da Criança ocorrerá, parcialmente, em 2 de janeiro de 2010, para visitação e algumas atividades de lazer. Em um segundo momento, para utilização de equipamentos. Conforme nota da Prefeitura, isso ocorrerá assim que for aberto processo licitatório para a escolha de concessionária gestora dos brinquedos e restaurantes do local,

Sobre a terceirização do parque, o ex-secretário diz que não teve nenhuma informação oficial. " O que escutamos é que haveria um compromisso do prefeito petista em terceirizar o parque e me parece que tudo caminha para isso".

Secretários não falaram sobre assunto

O vereador Admir Ferro (PSDB) e ex-secretário da Pasta de Educação da administração de William Dib (PSDB) diz que durante a transição conversou apenas com a equipe de Luiz Marinho (PT). Na época o então prefeito eleito ainda não havia nomeado ninguém para assumir a Pasta.

Durante a conversa, vários assuntos foram discutidos, inclusive a Cidade da Criança. "Na ocasião me coloquei à disposição. Perguntei se queriam antecipar alguma providência. A única que me pediram foi o encaminhamento de um projeto na área de Cultura para captação de verba e foram atendidos, pois o próprio prefeito nos orientou a facilitar a transição".

Quando o assunto foi Cidade da Criança, o vereador informou a situação da contratação de mão de obra. "Depois de colocar a situação perguntei se eles queriam algum encaminhamento. Pois tinha todos esses estudos, inclusive com valores. A equipe de transição pediu para não mexer nisso, pois eles iriam tomar a decisão depois".

A atual secretária de Educação e Cultura de São Bernardo, Cleuza Repulho, diz que quando assumiu, em 5 de janeiro, a Pasta não encontrou nenhum arquivo sobre o projeto de reformulação do parque. "O único documento sobre a Cidade da Criança que encontramos ao assumir a secretaria foi o primeiro estudo, não a implementação do projeto atual, e nada mais".

A Cidade da Criança, que no governo Dib foi para a Secretaria de Educação e Cultura, está voltando para a de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Segundo nota da Prefeitura o parque está em processo de transição entre as secretarias. Sobre devolver os R$ 22 milhões à Pasta da Educação, que foram usados na reformulação do parque para projeto educacional, Cleuza diz que quem decidirá isso será o Tribunal de Contas do Estado.LP

MP exigiu reformulação do espaço

A reformulação da Cidade da Criança aconteceu quando MP (Ministério Público) fechou o parque, pois oferecia riscos aos frequentadores, grande parte crianças.

Na ocasião, o espaço era gerenciado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo e foi transferido para a Secretaria de Educação e Cultura quando o vereador Admir Ferro estava à frente da pasta. "As duas secretarias realizaram projetos para o local, a pedido do prefeito e a de Educação foi a escolhida para reformular o parque", dia Ferro.

Criar um parque educacional totalmente gratuito no espaço da Cidade da Criança era uma proposta de governo do antecessor de Dib, Maurício Soares. Ambos eram na época do PSB. Hoje, Maurício é do PT e faz parte do governo Marinho, enquanto Dib é do PSDB.

Na opinião do ex-secretário a Cidade da Criança, apesar de sua história, não atendia a crianças de baixa renda. "Os frequentadores eram crianças que podiam pagar. Vinham de todo o Brasil por agências de turismo. Era maravilhoso, mas não para todos".

A ideia do projeto era um parque educacional que seria uma extensão da sala e aula. "Uma escola a céu aberto com aulas de tecnologia, ciências, cidadania e civismo".

Admir é o autor do projeto de lei que tombou a Cidade da Criança quando era vereador no governo de Maurício Soares. "Os governos municipais nunca respeitaram o tombamento, porque ele era do antigo cenário da novela Redenção. Então tudo virou lojinha. Esse local foi todo recuperado, em cada cenário", conta.

Para o vereador se o governo do PT não continuar o projeto educacional do parque quem vai perder são as crianças.




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