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Índio vai de campeão do mundo a reserva na A-2

Lateral do Timão no Mundial-2000 vira coadjuvante no Osasco

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
31/03/2013 | 07:12
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Pode-se dizer que a sorte sorriu para o lateral-direito Índio. Revelado na categoria de base do Vitória, ele estava na hora e no momento certos para assinar contrato com o Corinthians em 1998, conseguir projeção no time até ganhar a confiança e integrar o elenco que conquistou os Brasileiros de 1998 e 1999 e o primeiro Mundial de Clubes organizado pela Fifa, envolvendo representantes de todos os continentes em 2000.

Depois do êxtase vivido no Timão, Índio caiu de produção, passou a ser perseguido pelos torcedores e acabou se transferindo para o Goiás. Outra vez não teve bom desempenho, mas chamou atenção do Santo André que o contratou para a disputa da Copa Mauro Ramos de Oliveira, em 2002, quando o time ficou com o vice-campeonato.

O prestígio por ter sido campeão do mundo manteve Índio no time titular do Ramalhão. “Fui bem no Santo André. Estava tentando me reerguer na carreira após um tempo em baixa e aceitei o desafio. Valeu a pena”, comentou o jogador, que logo depois se aventurou no futebol coreano, no qual defendeu o Daegu por três temporadas e depois o Paok, em 2005. A aventura no Exterior terminou em 2006, no Alianza Lima, do Peru.

Índio sempre foi muito ingênuo e acusa empresários e dirigentes de o terem explorado financeiramente. No milionário time do Corinthians, ele tinha salários que giravam em torno de R$ 1.500, o que atualmente não se paga nem mesmo para jogadores das categorias de base. Ele lamenta ter perdido a oportunidade e, principalmente, não ter tido um empresário. “Foi um momento triste na minha carreira, mas já passou”, disse o atleta, evitando se prolongar no assunto.

O lateral-direito teve a última chance de se projetar no futebol nas temporadas 2007/2008, quando voltou ao Vitória, seu clube de origem, em busca de espaço no Brasil. Em baixa, ainda passou por Francana, Noroeste, Remo e estava esquecido no nanico Andorinha, time do Sul de Minas Gerais. Como fez amigos, recebeu convite do ex-volante Vampeta, com quem jogou no Corinthians, para defender o Grêmio Osasco na Série A-2 do Campeonato Paulista.

Em São Paulo, Índio – que nasceu na cidade alagoana de Palmeira dos Índios e fazia parte da tribo Xucurus-kariris – teve poucas oportunidades. Foi reserva em praticamente toda a competição, sendo preterido por Thiaguinho. Quando teve chances, não correspondeu. “Vim para ajudar o Osasco e tentei fazer o melhor. Sou grato ao Vampeta pela oportunidade”, disse o jogador, que quarta-feira faz 34 anos.

 

Da Aldeia em Alagoas para os campos de futebol

José Sátiro do Nascimento não é chamado de Índio apenas por sua fisionomia característica e nem porque nasceu na cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Ele fazia parte da tribo Xucurus-kariris e seu nome indígena era Iraçã. Apaixonado por futebol, batia bola na aldeia até que, quando tinha 17 anos, foi visto por dirigente do Vitória que o levou a Salvador. Aprovado nos testes, iniciou a vitoriosa carreira.

O primeiro bom momento no time baiano ocorreu na disputa de torneio internacional em Boston, nos Estados Unidos. Seu desempenho atraiu atenção de olheiros que trabalhavam para o Corinthians no Nordeste e logo se transferiu para o time paulista, pelo qual se profissionalizou e suas maiores glórias. “Foram temporadas inesquecíveis no Timão. Consegui coisas que nem imaginava”, revelou o jogador.

Por muitos anos, Índio foi à principal esperança da tribo Xucurus-kariris que lutava por um pedaço de terra. Sua projeção chamou atenção das autoridades e seu pai, José Sátiro, líder do grupo composto por aproximadamente 42 índios, recorreu à Funai (Fundação Nacional do Índio), que, em 2001, destinou terreno na cidade de Caldas, a 20 quilômetros de Caldas Novas, em Minas Gerais, para o assentamento da tribo que sobrevive por lá até os dias de hoje. AF




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