Setecidades Titulo Rede pública
Saneamento é maior problema da Saúde
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
07/04/2009 | 08:13
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No Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta terça-feira, especialistas ouvidos pelo Diário apontam que o maior desafio do País vai além do combate de qualquer epidemia e está diretamente relacionado ao saneamento básico. Outro avanço esperado é a estruturação das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) que são a atenção primária da rede pública de Saúde e deveriam atender cerca de 90% da demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), ao invés de sobrecarregar os hospitais.

O professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) Marcos Kisil acredita que enquanto houver moradores convivendo direto com esgoto a céu aberto, não adianta questionar a deficiência das UBSs. "Há lugares que são verdadeiras fábricas de doenças e a atenção básica é o refúgio de algo mais amplo. Culpar só a UBS não tem muito sentido porque ela está dentro de todo um sistema social."

"Saúde não é só a ausência ou não de uma doença", complementa a médica Paola Zucchi, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O diretor da Faculdade de Medicina do ABC, Luiz Henrique Camargo Paschoal, reforça a tese e atribui à deficiência do saneamento básico, o aumento de doenças como cólera e febre amarela, que no início do século tinham incidência pequena.

Na região, São Caetano é a cidade mais avançada neste quesito: coleta 100% do esgoto e pretende, até o fim do mês, tratá-lo na totalidade. São Bernardo coleta grande parte (84%), mas trata 32% dessa quantia. Em Santo André, 96% do esgoto é coletado, e 40% tratado. São Bernardo coleta 84% e trata 32%. Diadema recolhe 89% do esgoto produzido, mas trata só 13%. Mauá é a cidade com menor percentual em tratamento de esgoto: 5%, a coleta atinge 72%. Ribeirão Pires coleta 65% e trata 70%. Em Rio Grande da Serra o índice de tratamento é alto (85%), porém há coleta só de 34% da produção.

Universalização - Por mais que haja problemas no sistema de Saúde, o professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Eduardo Elias, lembra que houve muitos avanços na última década. "Antes do SUS só quem pagava tinha acesso à Saúde. Hoje ainda há uma desorganização grande do sistema, mas as pessoas têm direito. Só que precisamos melhorar a qualidade do que é feito."

Prefeituras investem em qualificação e centros clínicos

A criação de centros médicos e o aperfeiçoamento no atendimento de especialidades são as principais metas das prefeituras da região para melhorar os sistemas de Saúde municipais.

Em Mauá, a reformulação do Hospital Doutor Radamés Nardini é o principal foco dos trabalhos. Além disso, o município busca a criação de 40 equipes de Saúde da Família.

A construção de um hospital municipal e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) são as prioridades da administração de Ribeirão Pires. A expectativa é ampliar o número de leitos em 57%. Para a construção do hospital, a cidade já conta com verba do Estado de cerca de R$ 4,6 milhões.

As prioridades da Prefeitura de São Bernardo são a reorganização da rede de atenção com a implementação da humanização na rede básica, especializada e hospitalar. Neste ano, foram inaugurados 19 leitos de UTI no Hospital de Ensino Anchieta.

Santo André destinará à atenção básica, o aprimoramento do Programa de Saúde da Família e da Mulher.

São Caetano trabalha para iniciar, no segundo semestre, a instalação do Hospital da Mulher e, também fortalecer o Programa Saúde da Família, e nas áreas de cardiologia e geriatria. Os atendimentos ambulatoriais na cidade somaram em 2008 cerca de R$ 3,2 milhões.

Com orçamento de R$ 200 milhões, Diadema investirá na agilidade e humanização do SUS (Sistema Único de Saúde) e também no Quarteirão da Saúde.

Para maio, a Prefeitura de Rio Grande da Serra tem programada a inauguração do Espaço de Atendimento, Prevenção e Ações da Saúde, no Sítio Maria Joana. (Kelly Zucatelli)




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