Cultura & Lazer Titulo 60ª Feira de Livros
Frankfurt é a capital do livro
15/10/2008 | 07:17
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Sob a pesada sombra da crise mundial que assola o mercado financeiro, a Feira de Livros de Frankfurt, o maior e mais importante evento editorial do planeta, inicia nesta quarta-feira sua 60ª edição, prometendo um cardápio variado de polêmicas. Como em todos os anos, representantes das principais editoras do mundo reúnem-se durante cinco dias, iniciando ou definindo negócios que poderão resultar em vendas espetaculares. Serão 7 mil exibidores e 2,7 mil eventos.

Outros assuntos, no entanto, deverão figurar na pauta principal. De um lado, o efeito da turbulência nos mercados financeiros globais, que ainda não foi devidamente medido mas será tema de debates durante a feira, que termina no domingo.

De outro, as discussões envolvendo a Turquia, o país convidado deste ano que já desperta acaloradas trocas de farpas. A primeira aconteceu há algumas semanas, quando 20 escritores turcos anunciaram um boicote ao evento em protesto contra o convite feito a autores acusados de "ofender a nação turca", como é o caso de Orhan Pamuk, prêmio Nobel de Literatura de 2006. A medida reflete a tensão entre nacionalistas, islamitas e independentes, que domina a rotina da Turquia há alguns anos.

Pamuk gerou uma onda de protestos quando, em fevereiro de 2005, em uma entrevista a uma revista suíça, afirmou: "Um milhão de armênios e 30 mil curdos foram assassinados nessas terras e ninguém, exceto eu, se atreve a falar sobre o tema." A referência ao assassinato massivo de armênios durante o Império Otomano, assim como o conflito curdo no sudeste do país, revoltou os nacionalistas, resultando em ameaças de morte e até na tentativa de destruição de seus livros, pedido por um oficial de província, mas logo anulado pelo governo turco.

Outro nome polêmico é o da escritora Elif Shafak, cuja presença em Frankfurt também desagrada os nacionalistas. Ela é autora de A Bastarda de Istambul, livro em que também trata do massacre ao narrar a história de uma família turca e outra armênia. Assim, como Pamuk, Elif foi inocentada da acusação de crime contra a pátria, em 2006, mas continua na lista negra do nacionalistas. Cerca de 200 autores turcos devem participar de 350 eventos preparados de forma a apresentar sua cultura.

"Apesar de apresentar uma escrita rica e variada, a literatura da Turquia é pouco conhecida fora de seu território", comenta Jürgen Boos, diretor da Feira de Frankfurt desde 2005.Ele não esconde um prazer incontido pela polêmica.

No próximo ano, o país convidado será a China e já se esperam debates sobre liberdade, especialmente de imprensa, e também sobre a situação do Tibet, mais especificamente a atuação do Dalai Lama.
Boos garante, porém, que, ao contrário do ocorrido durante a Olimpíada de Pequim, quando autoridades chinesas tentaram esconder os assuntos mais espinhosos, tais discussões deverão estar na pauta da Feira de Frankfurt de 2009.

Até mesmo o evento de 2010, que vai homenagear a Argentina, não escapou de polêmicas. Ao anunciar os nomes de Carlos Gardel, Evita, Che Guevara e Diego Maradona como representativos da cultura argentina para a Feira de Frankfurt, a presidente do comitê organizador, Magdalena Faillace, foi bombardeada pela comunidade literária, reclamando a ausência de escritores consagrados como Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, que só foram incluídos depois. Mesmo assim, a gritaria continuou por conta do esquecimento de outro grande autor, Ernesto Sábato.

Sem deixar de reconhecer os méritos de Sábato, Magdalena não o incluiu na lista, pois considera que apenas Borges e Cortázar assumem a categoria de ícones representativos da literatura argentina no mundo.
A justificativa não acalmou totalmente os ânimos, especialmente pela presença de Maradona, glória do esporte mas com nenhuma relação com a cultura. Os dois anos que faltam até a data serão certamente marcados por muita discussão.

Paulo Coelho já vendeu 100 milhões de livros

Da AFP

O escritor Paulo Coelho é um dos convidados da 60ª Edição da Feira do Livro de Frankfurt, onde vai comemorar os 100 milhões de exemplares de seus livros vendidos no mundo. Além de Paulo Coelho, que também receberá um Livro Guinness dos Recordes Mundiais especial por seu romance O Alquimista como o mais traduzido no mundo (67 idiomas).

A Feira do Livro de Frankfurt, principal encontro mundial da indústria editorial, que abre suas portas hoje espera poder enfrentar a crise financeira internacional que afeta o setor (uma queda de 3,1% do faturamento nos primeiros nove meses do ano) com o sucesso do livro eletrônico.

Neste ano os livros clássicos só representarão 42% dos títulos expostos no salão. O resto se dividirá entre gravações de áudio e vídeo. Os livros eletrônicos serão a estrela, com várias obras baixadas da internet para serem lidas em telas portáteis do tamanho de um livro de bolso.




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