Há 30 anos, idéias e ideais de um líder sindical de São Bernardo que já fazia barulho no Brasil foram apresentados pelo Diário. Se antes não haviam sido abertas páginas e páginas é porque, para o jornal, Lula não emergiu da noite para o dia. Sua trajetória sempre foi veiculada por este jornal, mas o dia 23 de julho de 1978 marcou para sempre, até mesmo para ele: foi sua primeira entrevista para um meio de comunicação.

Trinta anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva está de volta. Pela primeira vez como presidente da República, esse ex-metalúrgico fala direta e exclusivamente para o Grande ABC, região que ama e não esconde de ninguém.

Apresentado pelos opositores como Sapo Barbudo, o Lula de hoje está repaginado, refinado, muito mais vivido e experiente, mas é o mesmo dos tempos em que presidia o Sindicato dos Metalúrgicos. Fala com desenvoltura e simplicidade tanto de temas complexos quanto de suas paixões: o futebol e o Corinthians.

Na sala da Presidência, no Palácio do Planalto, o comportamento do homem mais importante do Brasil derruba a tese de que o poder modifica as pessoas. Lula é simples: abraça, beija, sorri, gargalha, franze a testa. Brinca com gravador digital e, sem querer (ou fez de caso pensado?), desliga o aparelho que grava a entrevista. Sorte que havia outro sobre a mesa.

Ele lembra da primeira entrevista que deu na vida. “Foi para o Diário.” Diz que o gravador não funcionou. E cai na gargalhada. Ao falar das críticas sobre biocombustíveis, recorre ao futebol. “O Brasil é o craque que leva botinada.”