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Filho de bruxa de Blair com Godzilla
08/02/2008 | 07:14
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Ainda é cedo para avaliar qual poderá ser o potencial de renda de Cloverfield – O Monstro em todo o mundo, mas o filme produzido por JJ Abrams e dirigido por Matt Reeves já garantiu seu lugar na história. Sua abertura nos Estados Unidos foi a maior já realizada, em qualquer época, por um filme no mês de janeiro. O filme estréia hoje (na região, pelo menos em quatro salas).

Não é um filme caro (para os padrões de Hollywood) – US$ 30 milhões. Abrams e Reeves também não investiram muito em publicidade. O que eles fizeram foi reciclar o marketing de A Bruxa de Blair.

Colocaram na internet um trailer – a imagem da cabeça destroçada da Estátua da Liberdade sendo jogada numa rua, que mais parece cenário de guerra, de Nova York – sem nenhuma informação adicional. A curiosidade dos internautas se encarregou de catapultar a produção.

Em pouco mais de uma semana, Cloverfield faturou quase o dobro – US$ 56 milhões – do seu custo.

A paranóia do 11 de Setembro não é alheia ao filme, mas não se trata de uma exploração grosseira de sentimentos que foram exacerbados na mídia. A rigor, trata-se de um disaster movie, cruzamento de Godzilla com A Bruxa de Blair.

HISTÓRIA

Um monstro ataca Nova York, provocando destruição e pânico. Esta história já foi contada, mas não do modo como Matt Reeves faz. De certa forma, Cloverfield é o reverso de um disaster movie.

Captado com câmeras digitais e até celulares – começa como um filminho doméstico –, Cloverfield adota o ponto de vista subjetivo dos personagens. O que o espectador vê é sempre uma parte do campo visual – câmera na mão, imagem tremida.

Existem momentos em que você quer saber o que está ocorrendo, mas a visão do todo, do global, nunca é oferecida à platéia.

Os jovens talvez tenham mais facilidade de embarcar no aspecto ‘terror’ da trama. Mas os espectadores mais maduros – e os críticos – não perderão tempo se prestarem atenção em Cloverfield.

Além de diretor de Missão Impossível 3, o produtor Abrams também é criador de séries de sucesso como Lost e Alias.

DE PALMA

O aspecto mais curioso é que se pode fazer uma ponte entre Cloverfield e Redacted, o novo Brian De Palma, que a revista Cahiers du Cinéma, em sua edição de fevereiro, considera uma “data” na história do cinema.

De Palma fala da Guerra do Iraque, Reeves e Abrams falam de um monstro. Mas, na essência, os dois filmes tratam da imagem.

Como se constrói/desconstrói, como se manipula a imagem. O ponto de partida, aqui, é, num mundo apocalíptico, este documento encontrado numa câmera perdida no que antes era o Central Park.

Cloverfield intriga e, sob múltiplos aspectos, é subversivo. Como diz o diretor, Cloverfield é sobre e para uma geração que se filma 24 horas por dia. Este, e não o monstro, é o tema de Matt Reeves.

Cloverfield – O Monstro (Cloverfield, EUA/2008, 85 min.). Ação. Dir. Matt Reeves. Indicação classificativa: 14 anos. Cotação: Bom




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