O ano será de muita festa para Mauricio de Sousa. A temporada marca cinco décadas da criação da Mônica, sua principal personagem. Além do nascimento da garota baixinha e dentuça, o mês de março celebra o aniversário de seu fiel companheiro, o coelhinho de pelúcia Sansão. Ele abre as comemorações como tema da mostra Sansão Também Faz 50 Anos, que abre amanhã, a partir das 13h, no Memorial da América Latina, em São Paulo. A atração segue em cartaz até 21 de abril e a entrada é gratuita.

No evento, diversos artistas de todo o Brasil foram convidados a apresentar sua versão para o homenageado. Nomes como Bruno Hamzagic, Flávio Teixeira, Bira Dantas, Amorim, Mikio e Bruno Holanda mesclam traços e pontos de vista em desenhos e vídeos.

Entre os convocados para o serviços estão os ilustradores Seri e Fernandes, do Diário. Eles abusaram da criatividade para trazer uma nova leitura em torno do universo e do estilo de Sansão, que mudou muito ao longo do tempo. "Percebi um pouco de evolução no traço característico do Sansão. Antigamente tinha um jeito de coelhinho de pelúcia comum, com uma pegada meio cartum. Hoje acho que ele está mais ‘fofinho', mais puxado para um lado infantil", analisa Fernandes.

O cartunista se inspirou em uma versão que Mauricio de Sousa fez da clássica pintura Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, para o projeto História em Quadrões, no início dos anos 2000. Utilizando um tom de sépia, Fernandes criou uma pintura estilizada do quadro, com Sansão nos braços de La Gioconda.

Já Seri tentou uma abordagem mais adulta. A concepção traz o personagem observando uma edição da revista Playboy, dedicada ao público masculino. Segundo ele, o objetivo foi levá-lo ao encontro das ousadas "coelhinhas" da publicação, uma vez que já possui maturidade para esse tipo de ‘leitura' devido a seu cinquentenário.

Como Sansão acabou se tornando um símbolo infantil desde seu nascimento, em 1963, os artistas participantes da mostra não puderam ir muito além em suas recriações. "Gostaria de ter um pouco mais de liberdade. Querendo ou não, temos de ser politicamente corretos. Acho que as críticas e o excesso também são homenagens", diz Seri. "Releituras são sempre interessantes e bem saudáveis. Lido como se fosse um grande desafio, pois não saberia como outro artista poderia fazer um personagem meu."

Os trabalhos estão espalhados pelo Salão de Atos do Memorial e algumas esculturas gigantes tomam conta do saguão do Terminal Metrô da Barra Funda, também na Capital. Outras cidades do Brasil irão receber a mostra até o fim do ano. Afinal, não é sempre que se comemora meio século de vida, ou melhor, de traços.

Sansão Também Faz 50 Anos - Exposição. A partir de amanhã, às 13h. No Memorial da América Latina - Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, São Paulo. Tel.: 3823-4600. Ter. a dom., das 9h às 18h. Grátis. Até 21 de abril.