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Caso Isabella atormenta madrastas

Chance de Anna Carolina ter participado da morte de Isabella reforça o imaginário de que madrasta é má

Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
27/04/2008 | 07:19
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A síndrome de Cinderela está de volta. Para quem cumpre o papel de madrasta no dia-a-dia, a possibilidade de Anna Carolina Jatobá ter participado do crime da menina Isabella Nardoni faz o imaginário popular sacramentar a tese de que toda madrasta é má. Está no dicionário: mãe pouco carinhosa, que maltrata os filhos.

“É difícil lutar contra este preconceito que aprendemos na infância, principalmente agora, quando defender uma madrasta é como fazer apologia ao crime. Fiz um teste nas ruas outro dia. Saí com uma camiseta que tem a palavra grafada e senti um enorme desconforto. As pessoas ficaram em pânico”, conta a terapeuta familiar e presidente da Associação de Madrastas e Enteados, Roberta Palermo.

O tema nunca foi discutido com tamanha intensidade, pelo menos em São Paulo. Pela internet, pipocam páginas e fóruns que têm como assunto principal a relação de madrastas e enteados. No site de relacionamentos Orkut, as comunidades são divididas. Há quem ame e odeie conviver com madrastas de todos os tipos e idades.

A mais respeitada no Brasil é a mulher que casa e assume os filhos de um homem viúvo. Segundo o estudo Mães e Madrastas: Mitos Sociais e Autoconceito, publicado pela psicóloga Denise Falcke, da PUC-RS, estas mulheres mantêm um maior autoconceito social.

Para alcançar a esperada aceitação da sociedade e de si mesma, muitas madrastas buscam fazer o papel de mãe e, exatamente por isso, erram e perdem a chance de viver em harmonia familiar.

“Em primeiro lugar, a madrasta não pode se sentir mãe. A criança já tem uma e é fiel a ela. É preciso ter atitudes de mãe, sim, mas não se colocar neste papel para não prejudicar a relação. Esta postura é boa para a criança e para a própria madrasta, que corre o risco de se decepcionar se não receber a resposta esperada.”

Igualmente importante é controlar-se para não falar mal da mãe, ou do pai, na frente dos enteados. A associação ainda aconselha as madrastas a não interferirem no cotidiano das crianças nem compactuarem com pequenas mentiras. O segredo está no comportamento do homem.

“Os pais maneiram muito com filhos separados. Educar parece que é só coisa da mãe. Eles não impõem limites aos fins de semana. O maior problema da madrasta é o homem que tem medo da ex-esposa e dó do filho”, completa Roberta Palermo, autora do livro 100% Madrasta.

Integral - “Estou casada há 20 anos e nunca senti preconceito de meus filhos. Tenho quatro, três enteados e um natural. Já na fase do namoro, os três freqüentavam minha casa num clima de alegria. Sou a boadrasta. No casamento, todos entraram comigo e ainda hoje um deles mora em casa”, conta Márcia Marin Stanziani, de Santo André. Depois da separação do marido, a ex-esposa não apareceu mais. “Eu virei a mãe mesmo. Muitas vezes isso acontece, na paz”, completa.

Durante a reconstituição do crime de Isabella, marcada para este domingo, a madrasta vai estar na mira. “Queria que ela não fosse culpada. É muito triste pensar que um casal fez isso com uma menina.”




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