Economia Titulo Aquecimento
Demanda por extintores cresce até 60%

Crescimento foi motivado, segundo os comerciantes, pelo
receio gerado após tragédia na boate em Santa Maria (RS)

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/02/2013 | 07:25
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Celso Luiz/DGABC


Os estabelecimentos do Grande ABC que distribuem extintores de incêndio e realizam sua manutenção notaram aumento de até 60% nas vendas e na procura pelo serviço. A demanda foi motivada, segundo os próprios comerciantes, pelo receio gerado após a tragédia em Santa Maria (Rio Grande do Sul), provocada pelo incêndio na boate Kiss no fim de janeiro, que deixou 238 mortos e mais de 100 feridos.

Janeiro e fevereiro, que costumam ser meses de movimento moroso para esse tipo de atividade, surpreenderam os empresários. Com preços em média de R$ 100 por extintor novo e de R$ 40 pela manutenção - que inclui a troca do material usado para apagar incêndios e a pintura da carcaça -, a procura partiu principalmente de comércios, salões de cabeleireiros, indústrias metalúrgicas, químicas e cosméticas, casas noturnas, escolas e shoppings.

Para dar conta da demanda extra, a Kommando, de Diadema, contratou dois funcionários com registro em carteira. "Tenho mais de 200 extintores em minha oficina e, mesmo com o reforço, ainda estou com dificuldade para cumprir o prazo de cinco dias para devolver os aparelhos. Tanto que tenho serviços agendados para depois da semana do Carnaval", conta um dos proprietários, Henrique Costa.

Via de regra, para ter funcionamento pleno, os extintores devem passar por manutenção uma vez por ano. Riscos e amassados na carcaça devem ser avaliados; a embalagem, aliás, deve ser testada a cada cinco anos. E, uma vez utilizado, é preciso adquirir novo aparelho.

Estabelecimentos de até 50 m² (metros quadrados), como pequenos comércios, precisam ter dois tipos de extintores: o de água pressurizada, indicado para usar em papelão, madeira e pano; e o de pó químico, para parte elétrica, álcool e outras substâncias inflamáveis. A vendedora Leonor Oliveira, que trabalha na Juliamar Extintores, de São Bernardo, conta que foram vendidos nas duas últimas semanas cerca de 40 ‘kits' com os dois modelos. "Não fosse a tragédia, não teríamos vendido, talvez, nem a metade durante todo o mês, que costuma ser fraco."

Foi também o caso da Ultrasegs, de São Caetano, que vendeu 60 unidades em cada semana, alta de 60% na comparação com os dias normais no período. "Todas as empresas que nos procuraram estavam irregulares com extintores e documentação", diz o proprietário Iury Gustavo de Almeida.

Ele explica que locais que tenham entre 50 m² e 750 m² requerem projeto técnico simplificado para verificar a quantidade de extintores necessária. É preciso também ter luz de emergência e rota de fuga. Essa adequação custa em torno de R$ 2.000. Para espaços acima dessa metragem, é necessário projeto mais completo, inclusive com brigada de incêndio. Neste caso, o custo dobra.

A ABC Extintores, de Santo André, que também ministra treinamento de brigada de incêndio, contabilizou alta de 50% nas vendas, com 70 aparelhos por semana. O proprietário, Marcos Tomé, avalia que a tragédia, que gerou comoção nacional, fez com que todos os empresários ficassem mais atentos. "Eles chegam aqui dizendo que só com a desgraça aprendemos. Porém, acredito que isso deva continuar surtindo efeito e despertando, principalmente, para a importância de ter treinamento e estar em dia com a manutenção dos aparelhos. Atendi uma escola que deveria realizar treinamento da brigada só em agosto, mas antecipou para janeiro."

 

Boates têm queda de 50% no fluxo e 30% no faturamento

As casas noturnas da região sentiram os reflexos da tragédia da boate Kiss em seus negócios. A equipe do Diário conversou com alguns empresários, que revelaram ter tido queda de até 50% no fluxo de pessoas e de até 30% no faturamento durante a primeira semana que se sucedeu ao acidente em Santa Maria.

Por outro lado, o ocorrido serviu de exemplo, reforçado pela forte fiscalização, para que os estabelecimentos se adequassem e reforçassem a segurança contra incêndios. Estão sendo providenciadas novas saídas de emergência, reforço nas placas e na iluminação das rotas de fuga, manutenção de extintores e contratação de bombeiros ou brigadistas para ficar a postos enquanto a casa funciona.

"Fizemos um vídeo para explicar onde ficam as saídas de emergência e reforçamos a informação antes do show, no palco", conta um dos empresários, de São Caetano. "Muita gente também tem questionado os quesitos de segurança por meio do Facebook."

Uma empresária de Santo André conta que as pessoas estão prestando mais atenção nos itens de segurança, inclusive nas novidades, como placas com a capacidade de pessoas. "Antes, os clientes nem notavam, passavam batido."

Da mesma cidade, outro empresário conta que colocou três extintores extras e trocou luminárias de emergência. "As pessoas estão com medo e têm perguntado bastante. Por isso, precisamos mostrar que elas estão seguras no local. Afinal, a vida continua."




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