Uma goleada para lavar alma. O triunfo (4 a 1) sobre o São Caetano deixou em êxtase o São Bernardo, que, enfim, encerrou o jejum de vitórias no Campeonato Paulista após quatro jogos - três derrotas e um empate.

E um dos grandes responsáveis pela mudança de atitude foi o técnico interino Edson Boaro, que substituiu Luciano Dias, demitido na sexta-feira.

Ele teve apenas um dia para trabalhar com todos os jogadores e utilizou da conversa para levar o Tigre à vitória. "Tivemos que realizar um planejamento apenas para os 90 minutos, porque o tempo era curto. E deixei claro aos jogadores que o mais importante hoje (ontem) era sair com a vitória, atuando bem ou mal. E fiquei muito feliz porque conseguimos as duas coisas", destacou o treinador.

"Hoje (ontem) é um dia que vou dormir tarde, passar o jogo na minha mente e curtir este momento. Mas amanhã (hoje), voltamos ao trabalho", completou.

Ele também ressaltou a importância da união do elenco a favor da primeira vitória. "Todo o grupo teve o mesmo o pensamento. Não tivemos grupinhos divididos. Colocamos todos em prol do São Bernardo", destacou o técnico.

Outro ponto importante foi a mudança tática do São Bernardo, com três volantes. "O primeiro passo foi não deixar jogar o São Caetano, uma equipe muito organizada. E também jogamos porque estávamos dentro da nossa casa. Atuamos e defendemos compactamente. Esse foi o segredo."

Quem agradeceu o novo esquema tático foi o meia Bady, que teve liberdade para criar e foi um dos principais nomes da partida. Com Luciano Dias, ele dividia a responsabilidade ora com Michael, ora com Luciano Mandi. "Fiquei mais preocupado em jogar, atuando pelos dois lados, e servir meus companheiros, sem a preocupação de marcar", explicou o atleta. "Mas tudo isso foi graças à ajuda dos meus companheiros", elogiou.

Ailton Silva garante estar tranquilo no cargo

Rafael Zamo, especial para o Diário

Depois de estrear com vitória no Campeonato Paulista, o São Caetano caiu de produção na competição e após duas derrotas seguidas já está próximo da zona do rebaixamento, em 16º lugar, com quatro pontos.

A torcida do Azulão já está impaciente e o técnico Ailton Silva já começa a ser pressionado no cargo. Apesar de afirmar estar tranquilo com o trabalho realizado, ele disse que a situação do time realmente preocupa.

"Mesmo tendo um jogo a menos do que as demais equipes, nosso momento é preocupante. É campeonato longo e ficando lá embaixo na tabela depois fica difícil reverter", alertou.

Sobre estar ameaçado no comando do time do Grande ABC, Ailton garantiu não estar pensando nisso. "Sei que futebol é resultado e a decisão é da diretoria. Se eles quiserem tomar alguma atitude, a palavra final é deles", esquivou-se.

Apesar da apatia do time, o comandante destacou a disposição do adversário. "Sabíamos que eles viriam desta maneira. Sempre que troca o treinador, os jogadores querem mostrar serviço. É normal", disse.

Com o gol tomado no último minuto do primeiro tempo, Ailton disse que procurou reforçar o lado esquerdo de sua equipe, mas admitiu que foi justamente nesta área do campo que o São Bernardo se aproveitou mais na segunda etapa.

DANIELZINHO

Depois de sete anos de Tigre, ontem foi a primeira partida de Danielzinho contra seu ex-time. "Foi período com bons e maus momentos, mas depois que a bola rolou, tudo foi esquecido", declarou.

O gol de Fernando Baiano também foi apontado pelo atacante como ponto crucial no resultado. "Este gol realmente desestabilizou nossa equipe", finalizou.

Apesar de início ruim, torcedores mantêm a fé

Definitivamente não foi o início de Paulistão que os torcedores de São Bernardo e São Caetano esperavam. Mas, mesmo sob desconfiança pelos poucos pontos conquistados nas primeiras rodadas, a esperança por melhor desempenho ainda segue viva em ambos os lados - que, diga-se de passagem, tiveram comportamento exemplar dentro e fora do Estádio 1º de Maio.

No Tigre, a demissão do técnico Luciano Dias pegou seus torcedores de surpresa. Para o representante comercial, Gilberto Antônio Angioletti, a saída do treinador foi precipitada. "A diretoria deveria ter ao menos esperado essas duas partidas em casa (diante do São Caetano e XV de Piracicaba, quarta-feira) para tomar a decisão", opinou.

Para ele, a tabela também colaborou para o começo ruim da equipe aurinegra. "Contra times grandes infelizmente não dá para contar muito com pontos. E outra coisa, os dirigentes tinham que manter a base dos jogadores, pois fomos bem no ano passado", criticou Gilberto, que assistiu ao jogo com o filho Matheus Antônio Angioletti e disse confiar que o São Bernardo iria engrenar a partir de ontem.

Entre os poucos torcedores do Azulão presentes ao 1º de Maio, o instrutor de treinamento Joaquim Cardoso também vive esperanças de que a equipe se recupere na competição. "O time é bom. Tenho certeza que irá embalar e chegará entre os oito melhores", apostou, porém, antes de a bola rolar.

Mesmo com a confiança depositada na equipe, Joaquim também não poupou críticas ao trabalho de Ailton Silva até aqui. "Começamos bem, mas depois tivemos altos e baixos. O técnico está mexendo muito no time, talvez já pensando no Campeonato Brasileiro (da Série B). Até acho que ele deva realizar alterações, mas peça por peça e não tirando três ou quatro atletas de uma só vez", palpitou o torcedor do São Caetano, que aproveitou para brincar com o próprio time do coração nas partidas em que joga contra rivais considerados mais fracos. "O Azulão costuma desenterrar mortos. Espero que não faça isso com mais ninguém neste Paulistão", encerrou Joaquim, aos risos, parecendo prever o que aconteceria minutos depois, com a derrota do São Caetano. RZ