Cultura & Lazer Titulo Especial
Santo André quer se
unir à sociedade civil

Salles deseja abrir diálogo para definir planejamento cultural,
porém baseado no tripé: reconquista, manutenção e conquista

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
04/02/2013 | 07:30
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O secretário de Cultura de Santo André, Raimundo Salles, ainda não tem em vista tudo o que irá ocorrer durante sua gestão à frente da Pasta. Mas ele não abre mão é da participação da sociedade civil na construção do planejamento cultural.

"Não quero ter modelo pronto. Se eu apresentá-lo, desconsidero o diálogo com a sociedade. Quero que ela diga o que é ruim e o que pode ser bom para a área", diz.

Há, no entanto, diretrizes - que ele chama de tripé - que compreendem reconquista, manutenção e conquista. "Queremos retomar o que a cidade já teve de bom na área, fazer a manutenção do que existe e trazer coisas novas."

Como exemplo de reconquista, ele cita o 'Rock in Rua', projeto dos anos 1990 que voltou à grade da programação da Prefeitura no dia 27. Em manutenção, Salles revela que pretende fortalecer os projetos e grupos que existem na cidade, casos da Orquestra Sinfônica, da Banda Lira e do Festival de Inverno de Paranapiacaba.

Ainda sem definição do orçamento - a Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo está em processo de desmembramento e as dotações para cada área cotinuam em planejamento -, Salles pontua que 34% do valor remetido à Pasta será contingenciado por causa das dívidas do Paço Municipal.

"Não vejo, de forma alguma, motivo para esmorecer. Há essa realidade, a Prefeitura está devendo, e nós vamos trabalhar com originalidade buscando parceiros e recursos com o governo federal, o governo do Estado e a iniciativa privada."

Desafio maior, para ele, é retomar o diálogo com a sociedade civil. "Não vamos estabelecer relação de conflito, vamos ouvir. Na Cultura há muitas pessoas pensando várias coisas sobre o mesmo tema. Acho que o importante é desobstruir os canais de comunicação entre a secretaria, a sociedade civil e os produtores culturais, que ficaram muito tempo sem falar."

CONQUISTA

Entre os planos de conquista, o secretário comenta a criação de uma Pinacoteca onde hoje funciona a área administrativa da Secretaria de Esportes, no Paço; e a construção de dois CEUs (Centros Educacionais Unificados) das Artes, que teriam papel chave para a descentralização da cultura no município. Também fala da possível criação de uma Escola Livre de Música, nos mesmos moldes das de teatro, cinema e dança.

"Temos que ver. Se vocacionar para o rico, não terá a finalidade que é dela. Se for vocacionar para os mais carentes, temos que dar instrumentos, e não temos recursos para isso. Mas temos esse projeto."

Salles ainda planeja que a cidade tenha Pontos de Cultura e deseja fazer conferência municipal para definir a adesão da cidade ao Plano Nacional de Cultura/CW.

INDEFINIDO

Com relação aos planos para as escolas livres da cidade, o secretário não comenta quais ações deseja implementar nos projetos, mas cita que elas podem sofrer com o mau momento econômico da Prefeitura. "Sou entusiasta de todas, mas nós temos problemas de verba. Nenhum problema é de falta de carinho. A boa vontade e a ideia da manutenção do programa é nossa, mas, além da falta de dinheiro, o orçamento vai diminuir."

Planos para equipamentos como a Casa do Olhar e a Casa da Palavra e atividades como o Salão de Arte Contemporânea, que há anos carecem de mais atenção e padecem de certo distanciamento de suas proposições originais, ainda são incógnitas nessa gestão. "Tentaremos entender o porquê deles não serem o que eram e reconquistar para a sociedade estes espaços."

SINGELEZAS

Com uma Pasta repleta de projetos para a cultura da cidade coletados informalmente de pessoas que chegam até o secretário com ideias, Salles já pôs algumas das sugestões para funcionar. Entre elas o Salão Permanente de Fotografia, que está prestes a abrir a primeira exposição.

Entre os itens listados, há tópicos como: museu da ferrovia, música nas praças, trupe do trapo, espaço cultural da mitra, centro nordestino, festival gospel, festival de verão em Paranapiacaba e concurso de coral. São coisas que já existem e sugestões do que pode ser criado. Mas não há, efetivamente, planejamento do que deve ser feito para que cada uma das propostas saia do papel.

"São várias ideias que poderão ser implementadas. Agora estamos no momento de conversar e levantar mais projetos. Às vezes são coisas que é só você dar uma assopradinha para fazer funcionar."

Além do Salão de Fotografia e da Pinacoteca, o secretário lista a limpeza dos monumentos da cidade como ação que virou realidade nesse início de gestão. "São coisas que podem ser singelas, mas muito importantes."

FOMENTO

Para ele, um dos papéis mais importantes da política cultural diz respeito ao fomento. Como exemplo há o Grupo de Violeiros de Santo André, para o qual ele já agendou apresentações em Campos do Jordão e Ribeirão Pires, além de colocá-los para tocar no 'Quartas Musicais'. "Eles existiam só dentro da igreja, ninguém percebia. Estamos dando reconhecimento a eles e fomentando a atividade cultural de Santo André."

Além disso, Salles quer ajudar a pôr o espaço de apresentações do Clube Atlético Aramaçan para funcionar como era antes. "No dia 8 de abril, a comemoração de aniversário da cidade vai ser lá, com concerto da Orquestra Sinfônica. O show do Dia Internacional do Rock (em julho) também."

Sem criticar a gestão passada, que foi embora sem avanços no setor cultural, o secretário diz apenas que deseja romper com o antigo modelo eventista. "O único viés que temos em que posso fazer comparação com os outros governos é que eles tinham visão eventista que não tinha nenhuma conexão com o produtor cultural da cidade. Eventos que tinham em outro momento, que eram pirotecnia, agora vão dar espaço à produção local. Não sou contra shows populares, desde que o governo não disponha recursos para isso."




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