Cultura & Lazer Titulo Música
Palavras cantadas
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
01/02/2013 | 07:00
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O músico e compositor alagoano Júnior Almeida tem uma veia poética que se esvai em canções. Seu quarto disco, Memória da Flor (Universal Music, preço médio R$ 25), recém-lançado, é também coletânea poética, imagética e sentimental.

Com 20 anos de carreira, e a exposição em ascensão, principalmente depois que emplacou no último disco de estúdio de Ney Matogrosso a faixa A Cor do Desejo, composição em parceria com Ricardo Guima, Almeida revela que Memória da Flor trouxe ao seu trabalho o imperativo da poesia.

"Gosto da letra de música beirando ou sendo poesia. A temática da criação (Move-se ou não se move no céu / A abstração antes de significar?) e a eterna necessidade de expressar o amor como sentimento universal e atemporal (Feito o amor que é ilusão e prazer...). Esses pontos de uma certa forma criaram um molde onde as outras músicas se instalaram de uma forma tranquila", diz ele.

"Me encanta um bom texto. Me encanta a palavra cantada. Por isso tenho tantos parceiros poetas nesse disco (Zé Paulo, Ricardo Cabus, Daniele Cândido, Fernando Fiuza e Arriete Vilela)", completa.

A faixa título, na qual Almeida divide os vocais com Ney, deu liga à poesia e também à sonoridade que se estendeu para as demais músicas. "O diálogo entre um instrumento tradicional com eletrônicos trouxe uma marca forte para Memória da Flor. Um alinhamento do orgânico e do eletrônico como afirmação de uma sonoridade. O uso da tecnologia como aliada no processo da criação musical. O ritmo eletrônico usado com a mesma naturalidade do tamborim ou do tambor. Usado pela necessidade do seu timbre e não pela afirmação de uma suposta modernidade."

Nas dez composições que recheiam o álbum, Almeida tempera canções com pitadas de tango, forró, rock, blues, samba e vários outros ritmos. Mas nada perde o acento pop. Não há enquadramento de gêneros. O que ele faz é tecer cada tema com diversos fios musicais. A explicação da união de tantas inspirações, segundo o que ele conta, pode vir de Alagoas.

"Acredito que, por razões históricas, a nossa formação musical não teve uma imposição forte de ritmos e estilos tão presentes em alguns Estados nordestinos. O que poderia ser visto como uma falha, trouxe, na minha opinião, uma compensação imensa, à medida que direcionou nossos ouvidos para a música do mundo. Esse fator é bem visível na obra de nossos músicos mais ilustres, Djavan e Hermeto Pascoal."




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