A destruição do meio ambiente será retratada na avenida no domingo de Carnaval, no desfile da Estação Primeira de Baeta Neves, de São Bernardo. Com o enredo Deus e o Diabo na Terra do Sol - Da Criação Divina à Degradação da Terra, a Consciência é a Esperança, a agremiação pretende chamar a atenção para os cuidados com a natureza.

As fantasias estão sendo confeccionadas com material reciclado, os carros alegóricos também foram projetados a partir da reutilização de materiais de outros desfiles e restos de papéis, garrafas PET, tecidos e tintas doados por integrantes.

O abre-alas vai carregar as esculturas de um anjo e de um diabo. O segundo carro representará os Jardins do Éden, mostrando a idealização de como deveria ser o mundo. O terceiro carro levará a ala das crianças e o sol, como elemento de esperança e iluminação para dias melhores.

"A questão ambiental tem preocupado o mundo todo, e nós não podemos ficar de olhos fechados para isso. Levar o tema para a avenida é maneira de conscientizar o bairro, a cidade. De pouquinho em pouquinho conseguimos mudar a atitude das pessoas", opinou a presidente da escola, Andreia Aguilar.

De acordo com Andreia, desde novembro aproximadamente 20 voluntários comparecem ao clube Olaria (onde fica a sede da escola), à partir das 7h, para colaborar com a confecção de fantasias e com a construção dos carros alegóricos.

"Aqui temos uma segunda família. Apesar de muitos parentes também participarem dos preparativos, o convívio que temos nesta época faz com que todos fiquem mais unidos. As crianças curtem as férias brincando aqui e os adultos colocam a mão na massa", garantiu Andreia.

Serão dez alas, com aproximadamente 350 componentes. Não há mais vagas para desfilar pela escola.

No dia 2 haverá show com o grupo Moleque Travesso e no dia 8, a tradicional festa de Grito do Carnaval, para ajudar a levantar recursos para cobrir os gastos extras com a preparação da Folia.

Diretor de escola escapava para curtir Folia

Trinta e três anos de Carnaval em uma família onde ninguém gosta da Folia não é tarefa fácil de se conseguir manter. Entre inúmeras fugidas de casa para curtir a festa do samba, o diretor da Estação Primeira de Baeta Neves Walter Luiz da Costa, 40, passou por muitas escolas e festividades.

"Ah, era muito engraçado. Tinha 7 anos e achava o Carnaval muito bonito, colorido, animado. Ninguém da minha família participa. Normalmente as crianças começam a frequentar escolas por causa dos pais, no meu caso foi o contrário, fugia deles para ficar no meio da festa", recordou Costa.

Costa integra a diretoria da agremiação, mas já foi tesoureiro, presidente e responsável pela criação da federação de escolas de samba da cidade.

Para o diretor, o Carnaval na região ainda sofre muito preconceito e as empresas não acreditam na seriedade das escolas. "A verba que recebemos para montar a festa é muito pequena comparada ao que escolas de São Paulo gastam. Já tentei patrocínios, mas nem sempre dá certo", contou.