Esportes Titulo Copa São Paulo de Futebol Júnior
Dez anos de um título inesquecível

Gol no fim, pênaltis e Nunes imitando porco; teve de tudo na conquista do Sto.André na Copinha

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
25/01/2013 | 07:00
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Estádio do Pacaembu lotado, do outro lado do campo uma das gerações mais valiosas do Palmeiras, ávida pelo título inédito.Foi neste cenário que o Santo André mostrou sua grandeza.Sem se intimidar, conseguiu reação improvável e protagonizou uma das finais mais emocionantes da história da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Já se passaram dez anos daquela conquista, obtida em cobranças de pênaltis após empate por 2 a 2 no tempo normal.

Poucos podiam imaginar o desfecho daquele sábado, 25 de janeiro de 2003. Para entender melhor o que aconteceu é preciso voltar algumas semanas antes e recordar a semifinal do Paulista Sub-20. O Santo André vencia o Palmeiras por 3 a 2 no Palestra Itália e estava se garantindo na final, até que pênalti polêmico a favor do Verdão mudou tudo. O empate por 3 a 3 classificou o time da Capital à decisão e o apito final do juiz deu início a uma tremenda briga campal.

O reencontro entre os times foi justamente na final da Copa São Paulo, principal campeonato júnior do Brasil. O Palmeiras, de Vágner Love, Deola e cia vencia por 2 a 0 até os 28 minutos do segundo tempo, quando ocorreu o tempo técnico. "Pedi aos jogadores para esquecerem a final do Paulista Sub-20 porque isso estava atrapalhando. Eles queriam ganhar na porrada e não na bola", lembrou Rotta, treinador do Santo André na ocasião.

O discurso surtiu efeito rapidamente. Um minuto de bola rolando foi o suficiente para Tássio marcar e diminuir a diferença: 2 a 1.

O Santo André esboçou pressão, mas o Palmeiras estava bem no jogo. Foi então que brilhou a estrela de Nunes, derrubado na área: pênalti. Denni bateu bem e deixou tudo igual, levando a decisão à prorrogação, que acabou sem gol.

Nos pênaltis, Júnior Costa defendeu o chute de Vinícius, enquanto que os andreenses foram perfeitos. Nunes foi o responsável pela quinta cobrança e ao festejar o gol decisivo imitou porco, causando tremenda confusão. Revoltados, os palmeirenses tentaram invadir o campo e entraram em confronto com a Polícia Militar. "Se pudesse voltar atrás, não faria novamente. Aquilo foi uma brincadeira com um tio que era palmeirense e estava na arquibancada. Me arrependo", revelou o atacante.

Em meio aos protestos dos palmeirenses, os jogadores do Santo André erguiam troféu inédito na galeria do clube e que é pleiteado por diversos times considerados grandes. "Aquela conquista marcou a vida de todo mundo. Foi muito especial pelas circunstâncias. Pouca gente acreditava em nós, mas fomos lá e mostramos que era possível", relembra o técnico Rotta, que domingo estreia na Série A-3 do Paulista comandando o Barretos.

Daquele time, dez jogadores foram promovidos à equipe principal, comandada por Luiz Carlos Ferreira, e formaram a base do time campeão da Copa Estado de São Paulo - que garantiu vaga na Copa do Brasil de 2004 - e do vice-campeonato do Brasileiro da Série C - que deu acesso à Série B.


Invasão deixa cinco policiais feridos, mas não estraga a festa

Nunes experimentou todas as sensações possíveis no título da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Ele foi de herói a vilão em questão de instantes e ficou eternamente marcado pela polêmica comemoração imitando porco, bem na frente da torcida do Palmeiras.

A irresponsabilidade do atacante desencadeou revolta na torcida palmeirense. Bomba foi lançada na direção dos poucos policiais que tentavam impedir a invasão do campo e, após tanto insistir, os torcedores conseguiram romper o cadeado e correram em direção aos jogadores do Santo André, que recebiam a taça no gramado. Por sorte, a situação foi controlada, mas deixou saldo de cinco policiais feridos.

Arrependido, o jogador teve de conviver com a marca durante a carreira. "Por onde vou me questionam sobre isso. Sempre me consideraram polêmico. Marcou muito. Não imaginava que pudesse acontecer tudo aquilo", disse Nunes.

Naquele dia, poucas horas depois de viver fortes emoções no Pacaembu, o atacante foi levado ao Bruno Daniel, onde ficaria na reserva do Ramalhão, que enfrentaria o Santos, então campeão brasileiro, pelo Paulista. Com estrela, Nunes entrou no segundo tempo e marcou o gol que decretou o empate por 2 a 2.


Coragem e ofensividade eram marcas do elenco campeão

A coragem era certamente a maior qualidade daquele time do Santo André. Quem garante são os próprios jogadores envolvidos. Credenciados pela excelente campanha nas fases anteriores, enfrentaram o Palmeiras de igual para igual.

"Nunca tivemos medo de time algum. Temíamos, sim, a arbitragem ser influenciada por conta da camisa, mas temer o Palmeiras? Nunca!", declara Nunes. "Apesar da pouca idade, éramos experientes e sabíamos bem o que estávamos fazendo", completa.

O técnico Rotta concorda e acrescenta outra qualidade à equipe: ofensividade. "Escalava apenas dois volantes (Ronaldo e Rodrigo Sá) e dois meias (Denni e Tassio) jogando bem avançados, tanto que foram eles que marcaram os gols na final. Não tínhamos medo de jogar contra time algum", garante o treinador.

Outro fato que mostra a qualidade do elenco foi o aproveitamento dos jogadores. Dos titulares, o goleiro Júnior Costa, os zagueiros Alex e Gabriel, o lateral-esquerdo Richarlyson e o atacante Nunes jogaram em grandes clubes. "Era time individualmente uito bom e que encaixou. Ficou feliz em recordar e saber que a maioria dos jogadores atuou em equipes grandes. Foi um time inesquecível", finaliza Rotta.




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