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Preço da liberdade

Drama que conta a história de Abraham Lincoln chega
às telas; produção é do veterano diretor Steven Spielberg

Luis Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
25/01/2013 | 07:00
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Considerado um dos grandes nomes da história dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (1809-1865) ficou conhecido por sua postura correta. Parte do homem por trás da lenda é apresentada no drama Lincoln, produção do veterano diretor Steven Spielberg que finalmente chega às telas. Apesar da grande expectativa em torno do material, o longa-metragem não se prende ao conceito de cinebiografia e revela o homenageado durante sua maior ação como o 16º presidente norte-americano.

Spielberg já confessou em entrevistas que tudo não sairia do papel caso o protagonista não fosse vivido por Daniel Day-Lewis. O ator britânico - um dos mais respeitados e premiados de sua geração - aceitou o convite e a parceria não poderia ter resultado melhor. Após perder peso e deixar a barba crescer, o astro de sucessos como Meu Pé Esquerdo (1989) e Gangues de Nova York (2002), imergiu no universo de um Lincoln que estava no comando dos Estados Unidos no fim da guerra civil. Entre decisões para conter o combate e conversas com a população, ele sonha com a aprovação da 13ª emenda constitucional do país, dedicada a abolir a escravidão.

Ao contrário de seu penúltimo personagem, o enlouquecido mineiro Daniel Plainview de Sangue Negro (2007), ele deixa de lado os gritos e seu estilo polêmico para seguir em linha completamente oposta. Seu Lincoln é calmo, de fala mansa e movimentos suaves. Mas não pense que se trata de um político fraco. A força do republicano estava nas ações calculistas e, no período histórico em questão, na briga pela liberdade de seu povo. É justamente nesse anseio pela libertação dos escravos que ele começa a passar por cima de leis nacionais e a atuar nos bastidores de maneira incorreta, mas utilizando a sujeirada política a favor de seu nobre propósito. Na busca pelo certo, o presidente traça seu caminho por linhas tortas com a ajuda do durão líder republicano Thaddeus Stevens (Tommy Lee Jones, voltando a mostrar talento após muitos anos).

A vida pessoal de Lincoln também não anda bem. Interpretada por Sally Field, a mulher Mary Todd não se conforma com a perda do primogênito devido à guerra e, assim como o marido, enfrenta os anseios do filho do meio, Robert (Joseph Gordon-Levitt), em lutar pela União. Em meio ao convívio social agitado, o protagonista vive entre sombras e cores cinzentas montadas pela bela fotografia que reflete seu estado de solidão.

Daniel Day-Lewis não deve ter dificuldades em levar seu terceiro Oscar pela atuação no burocrático filme de Steven Spielberg. Apesar de parecer ter aprendido que o melodrama em demasia presente em Cavalo de Guerra (2011) não é eficaz, o cineasta não vai além do que já exibiu. Por se tratar de Spielberg, a trama emotiva é ingrediente certo, assim como a produção técnica impecável.




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