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Marina Silva tem dificuldade para explicar uso de jatinho

Candidata do PSB justifica que informação era de empréstimo e seria feito ressarcimento no prazo legal, negando conhecer ‘laranjas’

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
28/08/2014 | 07:54
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A postulante do PSB a presidente da República, Marina Silva, ficou em saia justa ontem na tentativa de justificar a utilização do jato Cessna durante a corrida eleitoral, sem conseguir explicar a legalidade do serviço. “Nós tínhamos informação de que era empréstimo e seria feito ressarcimento no prazo legal, que pode ser feito, segundo a própria Justiça Eleitoral, até o encerramento da campanha”, disse, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo. A transação não foi apresentada na prestação de contas parcial do partido.

O transporte usado é aquele que vitimou o então pleiteante da legenda e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto no dia 13 em acidente em Santos. Marina alegou que o pagamento das viagens do jatinho seria viabilizado pelo comitê financeiro do candidato. Investigação preliminar sobre o caso aponta que o avião foi comprado por empresas de fachada, sugerindo ação de ‘laranjas’. “Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente a postura dos proprietários do avião”, argumentou Marina.

Questionada se a prática não caracteriza atividade da velha política a qual ela combate, Marina se esquivou e sustentou que os dados obtidos eram “aqueles referentes à forma legal”. Para a socialista, informações adicionais serão prestadas posteriormente pela sigla. “Há investigação pela PF (Polícia Federal). Nosso interesse e determinação é que seja com todo rigor para que a sociedade possa ter esclarecimentos”, frisou, usando expediente comum da classe política.

A coordenação de campanha do PSB afirmou que os documentos sobre o avião podem ter sido destruídos no acidente, diminuindo as chances de explicações claras. Há suspeita de suposto caixa dois no uso do jato. Isso porque o episódio sobre a falta de informação veio à tona com a morte do cabeça da chapa majoritária. Antes do caso, contudo, não havia qualquer indicativo de gastos com o transporte, que pertencia a empresários de Pernambuco, Estado que Eduardo governou por dois mandatos.

“Meu compromisso é com a verdade, e a verdade não virá apenas pelas mãos do partido nem apenas pela investigação da imprensa. Ela terá de ser aferida pela investigação que está sendo feita pela Polícia Federal. Não uso dois pesos e duas medidas. A régua que meço as outras pessoas, antes eu uso comigo mesma”, avaliou, ao negar que o rigor ético seja apenas sobre os adversários eleitorais. “Nada tem a ver com tergiversar (escapar da resposta). Queremos transparência nas informações”, emendou.

O mau desempenho de Marina no Acre, seu reduto eleitoral, no pleito presidencial de 2010, à época pelo PV, foi alvo de questionamentos. A hoje socialista ficou em terceiro lugar, com 81,1 mil votos, no seu Estado natal, atrás do ex-governador José Serra (PSDB), com 180,2 mil sufrágios, e da atual presidente Dilma Rousseff (PT), que obteve 82,7 mil. A indagação se deu sobre se eventual resultado representaria desaprovação da imagem – menos da metade do primeiro colocado. “É muito difícil ser profeta em sua própria terra”, alegou.

Marina justificou que teve de confrontar interesses no Estado e disputar com duas máquinas administrativas “poderosas”, referindo-se às candidaturas do PSDB e do PT. Ao ser pressionada sobre a situação de revés em seu quintal, ela demonstrou certo nervosismo, alegando que a jornalista falava sem conhecimento. “Não sou filha de político nem empresário.”

A candidata descartou também divergência com o vice Beto Albuquerque (PSB) por conta de posicionamentos distintos. “Nós somos diferentes.”

A socialista reiterou interesse em acabar com a reeleição. Marina frisou que não buscará novo mandato com objetivo de “renovar a política”.




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