Economia Titulo Crédito
Cartão ganha espaço na classe média

Fatia de 47% desse público utiliza dinheiro de plástico no
País; brasileiros de menor renda preferem a função crédito

Alexandro Melo
Do Diário do Grande ABC
04/12/2011 | 07:10
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Com renda mensal de R$ 600, a auxiliar administrativa Fernanda Cristine Carillo, 24 anos, não abre mão de utilizar os quatro cartões de crédito que possui. Junto com a mãe, ela compartilha o uso dos plásticos com compras que chegam a somar R$ 1.000 por mês. A andreense está entre os milhões de consumidores das classes C, D e E que impulsionam o crescimento do mercado de cartões no País.

Apenas nos últimos dois anos, na classe C, o número de pessoas que utilizam o dinheiro de plástico aumentou de 38% para 47%. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, na classe A esse número chega a 80% e nas D e E a 19%.

"Sempre gastamos mais do que o necessário. Quando as compras extrapolam, pagamos somente o rotativo, mas nunca deixamos de pagar a fatura. O nome limpo é o nosso único bem", afirma Fernanda, que vê nos cartões de crédito uma extensão do salário de sua família.

Pesquisa do Banco Central aponta que os brasileiros de menor renda preferem a função crédito ao uso do débito. No topo da pirâmide social, acontece exatamente o contrário. O diretor da Abecs, Luiz Almeida, salienta que o setor está se esforçando para atender as exigências das pessoas de renda mais baixa. "A expansão do crédito para esses consumidores é forte, assim como a ascensão social da população da classe D para a C."

De acordo com a associação, fatia de 72,4% da população brasileira possui algum tipo de cartão, seja de crédito, de débito ou emitido por loja (private label). Até outubro, o faturamento do setor foi de R$ 529,2 bilhões, com 6,6 bilhões de transações e 675 milhões de plásticos emitidos.

 

CONCEITO

O consumidor da base da pirâmide entende o crédito como o preço que ela paga a mais para ter um produto que só teria condições de comprar amanhã, define o sócio diretor do Data Popular, Renato Meirelles. "O cartão é bem visto, pois as pessoas não precisam provar sua honestidade a cada compra, como acontece com o carnê."

Meirelles lembra que, certa vez, questionou um rapaz se valia a pena pagar 50% a mais por uma moto ao financiá-la ao invés de juntar dinheiro e pagar parte à vista. "Ele me respondeu com outra pergunta: quanto tempo fazia que eu não andava de ônibus?" O importante é mostrar que o crédito, de maneira geral, é um aliado quando usado conscientemente. "O lema é usar bem, para comprar sempre."

O especialista ressalta que ao antecipar o sonho de comprar um bem durável, o consumidor da classe C antecipa também a geração de empregos e colabora com o desenvolvimento da economia.

 

DE LOJA

São poucas as pessoas que não têm na carteira um cartão da loja que frequenta, seja de vestuário, supermercado ou eletroeletrônico. Com o varejo caminhando para o fim do carnê, cresce a emissão de cartões de marca própria ou private labels. Até outubro, a quantidade desses plásticos em circulação era de 243,9 milhões, 11% a mais que em janeiro.

As redes com maior número de cartões em circulação são C&A, Riachuelo e Lojas Renner. Para a gaúcha Renner, que comprou a Camicado, essa será a chance para trazer os consumidores da classe C para o setor de utilidades domésticas. "Temos 17 milhões de clientes com potencial para comprar na Camicado agora que o cartão da rede passou a ser aceito", diz o gerente geral, Eduardo Vargas. Embora cartões, seguros, capitalização e planos de assistência odontológica não sejam os principais itens vendido pelas redes, suas participações na receita bruta das grandes companhias já representam até 30% da receita bruta.

 

TARIFAS

Segundo o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito, Luiz Almeida, os cartões de loja têm tarifas mais elevadas quando comparadas aos tradicionais plásticos com a função crédito. "As taxas são conforme o perfil de risco do cliente. No varejo, considera-se que o risco é maior", afirma. Cartões de diversas redes cobram valor mensal quando a fatura é emitida, o que pode tornar o valor das tarifas mais caras que as dos tradicionais. Quem for contratar o serviço deve estar atento às taxas que serão cobradas e aos juros cobrados no rotativo. "Muitas pessoas não sabem, mas ao optar pelo pagamento mínimo, o cliente pode quitar o restante do valor da fatura a qualquer dia. Isso evita o acúmulo de juros."

O sócio diretor do Data Popular, Renato Meirelles, pontua que a importância da classe C no setor de cartões é tanta, que esses consumidores detêm seis de cada dez plásticos no País. Ele diz que o private label é voltado ao consumidor da classe D, já o bandeirado da loja, para C

 

 




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