Carlos Boschetti Titulo Cenário dos negócios
Estagnação econômica e política do Brasil
Carlos Boschetti
31/07/2014 | 07:07
Compartilhar notícia


O Brasil enfrenta a mais dura e difícil batalha de sua história contra a inflação e para obter crescimento econômico. Nenhuma política pública nas últimas décadas conseguiu motivar as instituições a inovar e modernizar a gestão do país, que ainda é governado por leis antigas, como a trabalhista, da década de 1950.

A única instituição que se modernizou foi a Receita Federal, que desenvolveu e implantou um dos sistemas de arrecadação mais eficientes do mundo, e que proporcionou ao governo federal elevar a carga tributária dos anos 1950 de 25% para um patamar próximo aos 40% em nossos dias.

Apesar de todas as ações eventuais e de curto prazo, como o sobe e desce da taxa Selic nos últimos anos, não conseguimos domar definitivamente a inflação. Somente para ter uma ideia da desvalorização do Real desde a sua implantação, em 1994, o poder aquisitivo caiu tanto, que uma nota de R$ 100 hoje vale R$ 25. Este foi o poder de corrosão da inflação nos últimos 20 anos.

Mesmo a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e PIS/Cofins não resolveram os problemas estruturais crônicos do País. Os sinais da desaceleração e estagnação econômica e a impotência das instituições como Congresso e o Poder Executivo, como vimos com as manifestações de junho de 2013, não resultaram em nenhuma melhora para a população.

Como sempre, as promessas não são cumpridas. Nosso Congresso criou uma agenda positiva, nossa presidente criou uma agenda de emergência. O que aconteceu de fato para a população foi que os preços dispararam, iniciou-se uma desaceleração da indústria, o desemprego voltou a ameaçar as famílias brasileiras, entramos numa crise de abastecimento d'água e ficamos apenas na esperança de redução da tarifa de energia elétrica.

O índice de confiança do consumidor, um termômetro da tendência de consumo, demonstra a fragilidade de nossa capacidade de reação frente à situação de paralisia e falta de credibilidade do rumo atual de nossa economia. As famílias estão revendo e reduzindo os gastos, e restringindo o crédito e as dívidas a longo prazo.

Com isso, o ritmo de produção da indústria pisou no freio do investimento e no desenvolvimento, devido à falta de credibilidade no atual modelo econômico e às incertezas de um ano eleitoral.

Os recentes números da confiança expressam o clima de incertezas para o mercado, tais como queda de 15,5% na indústria, de 9,3% em serviços e de 7% no comércio.

O segundo semestre será o teste de fogo para nosso modelo econômico. Qualquer iniciativa somente produzirá algum resultado em 2015, e as novas pesquisas de intenção de voto e o índice de rejeição aos candidatos aumentam as incertezas. Parece que, neste ano, não iremos sair da zona do Pibinho.

As regras eleitorais e o recesso branco de nossos congressistas aumentam as certezas de mais um ano de crescimento abaixo da media global e, principalmente, muito aquém de nossos vizinhos na América do Sul. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;