Setecidades Titulo São Bernardo
Mistério em morte
de dois menores

Acusados de roubo, jovens de 17 anos estavam em uma
motocicleta quando foram baleados pelas costas por PMs

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
02/12/2011 | 07:00
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Um mistério ronda a morte de dois rapazes de 17 anos na noite de anteontem no bairro Demarchi, em São Bernardo. Ambos ocupavam uma moto CG Titã preta e foram baleados pelas costas por policiais militares da Força Tática. Segundo parentes, o condutor não respeitou pedido para encostar o veículo por ser menor e não ter habilitação.

O caso foi registrado no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa como resistência à prisão seguida de morte. A polícia alega que cada um da dupla portava um revólver calibre 38 com numeração raspada, e que foram abordados no momento em que assaltavam um pedestre na Rua Armando Back, por volta das 21h.

A moto pertencia a Felipe Macedo Pontes, que trabalhava em restaurante japonês no Centro da cidade e cursava a 3ª série do Ensino Médio. O pai, o motorista Cícero Pontes, 49 anos, registrou o veículo em seu nome, diz que o filho pilotava desde os 15, mesmo sabendo que era ilegal, mas que nunca se envolvera com o crime. "Ele devia estar com medo de ter a moto apreendida e por isso correu no momento da abordagem", disse.

O carona era Douglas Silva, que trabalhava em lava-rápido e terminava o 2º ano do Ensino Médio. Sua namorada disse que ele terminara mais cedo uma prova na escola estadual onde estudava, a Francisco Emygdio, na mesma rua, e pediu carona ao colega.

Durante o velório de Felipe, ontem, no Cemitério do Baeta Neves, parentes prometiam que iriam fazer apuração própria do caso. "Pode ter certeza de que eles (policiais militares) vão pagar caro", disse Cícero. Nenhum dos dois adolescentes tinha passagem pela polícia.

Segundo os amigos, os policiais pegaram os documentos dos garotos, dificultando a identificação. Os pais ficaram sabendo do ocorrido por outros estudantes da escola que moram no mesmo bairro, no Botujuru, e só conseguiram liberar o corpo no Instituto Médico-Legal com a certidão de nascimento. A Polícia Militar nega ter pego os documentos.

A ausência de testemunhas dificulta. Por se tratar de local com poucas residências e não ter pessoas na rua no momento do crime, as investigações do DHPP se basearão nas câmeras de vigilância de um posto de combustíveis em frente ao local do crime. Funcionários disseram que não viram nada.

No Pronto-Socorro Central de São Bernardo, onde Felipe foi socorrido, foi confirmado que o rapaz foi baleado pelas costas com quatro tiros. O amigo levou três, no mesmo local. Somente o laudo da perícia poderá dizer se houve troca de tiros. Mas ele deve sair só em 40 dias. Na internet, amigos se mobilizaram para pedir mais explicações às autoridades.

Quatro foram mortos em chacina no Jardim Santo André 

É a segunda vez que policiais militares estão envolvidos em mortes suspeitas de jovens no Grande ABC no ano.

No dia 11 de junho, no feriado de Sexta-Feira Santa, quatro rapazes, com idades entre 16 e 25 anos, foram mortos em uma viela do Jardim Santo André, periferia da cidade. Assim como no caso de anteontem, as vítimas não tinham passagens pela polícia e, segundo os parentes, envolvimento com o tráfico de drogas.

Diferente desta vez, a Polícia Militar não alegou que houve troca de tiros. Os policiais só foram identificados graças ao calibre ponto 40, de uso exclusivo da corporação. Em junho, a Delegacia de Homicídios de Santo André prendeu dois policiais. Outros dois chegaram a ser detidos, mas, sem provas, acabaram liberados.




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