A Volkswagen vai definir só no ano que vem se vai montar nova fábrica ou se vai ampliar uma das já existentes, como a de São Bernardo, para produzir modelo compacto popular no Brasil, com faixa de preço menor que o Gol, para atingir o mercado da classe C.

No entanto, as perspectivas são favoráveis de que esse investimento - não incluído no plano da companhia de aportar R$ 8,7 bilhões no País entre 2012 a 2016 -, deverá sair do papel.

O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, se mostra confiante de que, apesar da crise europeia, o governo brasileiro vai tomar medidas rápidas para não deixar que esses problemas no Exterior façam a economia nacional cair, da mesma maneira como foram tomadas providências em 2009.

O setor aguarda que até dia 15 sejam decididas novas regras do programa de regime automotivo - que, a partir deste mês elevará o Imposto sobre Produtos Industrializados em 30 pontos percentuais para os carros importados e para as empresas cujos carros não têm 65% de conteúdo local (ou seja, de peças fabricadas no País ou no Mercosul).

Segundo ele, na pior das hipóteses, em 2012, o mercado automotivo brasileiro deve empatar com 2011 e, na melhor, ficar 2% a 3% maior. Para o executivo, há também potencial para que o segmento tenha vendas de 5 milhões de unidades até 2018.

Entretanto, Schmall salienta que a elevação do IPI em 30 pontos percentuais para os importados apenas adia o problema de falta de competitividade do País.

O vice-presidente da montadora, Josef-Fidelis Senn, cita a taxa cambial desvantajosa (o real valorizado frente ao dólar) e os altos custos para a produção. Estudo da PricewaterhouseCoopers aponta que é 60% mais caro produzir automóveis no Brasil que na China.

TERCEIRO

Apesar de problemas de competitividade, o Brasil é o terceiro maior mercado para a montadora, atualmente com 15% de participação no volume de vendas globais. Em 2006, esse percentual era de 12%.

VANTAGENS

Schmall diz que há mais de 200 aspectos a serem levados em conta na escolha do local para a produção do modelo popular - que pode ser inspirado no compacto Up, produzido na Europa.

Segundo ele, há vantagens e desvantagens tanto para construção de planta fabril em regiões onde a companhia não tem fábrica hoje. Ele cita que há Estados que oferecem incentivos fiscais, que poderiam compensar a falta de infraestrutura. Também são avaliadas questões como ter profissionais qualificados e rede de fornecedores na região, aspectos que favorecem a unidade da Anchieta.