Economia Titulo Pé no freio
Financiamento de carro tem forte recuo

Na região, retração das compras a prazo de automóveis
novos é duas vezes maior que a do País

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/07/2014 | 07:21
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André Henriques/DGABC


Os financiamentos de veículos tiveram queda mais forte no Grande ABC do que a observada nos números nacionais, no primeiro semestre, na comparação com mesmo período de 2013. É o que aponta a Cetip, empresa operadora do SNG (Sistema Nacional de Gravames), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos utilizados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

Pelo recorte da pesquisa para a região, feito a pedido da equipe do Diário, as compras a prazo de automóveis (carros) e comerciais leves (pick-ups e utilitários esportivos) zero-quilômetro tiveram retração de quase 20% (19,9%). É praticamente o dobro do percentual de queda (de 10%) registrada em todo o País. Mesmo no segmento de usados e seminovos, os dados também mostram redução mais expressiva na região: diminuição de 12%, enquanto em âmbito nacional, houve redução de apenas 3% nesses negócios, ou seja, quatro vezes menos.

Segundo especialistas, a cautela de muitos consumidores, receosos de perder o emprego, faz com que seja adiada a troca do carro, neste momento de crise econômica. Isso, sobretudo na região, onde crescem os cortes de emprego com carteira assinada. De acordo com dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), houve a eliminação de quase 3.000 de vagas formais no primeiro semestre na região.

O professor de Finanças Empresariais da FIA-USP (Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo) Rodolfo Olivo salienta que, o Grande ABC, por ser polo industrial que concentra montadoras, vive intensamente o cenário de desaquecimento econômico, já que várias fábricas colocaram seus funcionários em licença remunerada, férias coletivas, ou adotaram a suspensão temporária de contratos, para ajustar seus estoques à demanda mais fraca.

O presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo, diz que o trabalhador, nessas situações, passa a pensar duas vezes antes de entrar em financiamento.

Além da cautela do consumidor para entrar em financiamento, outros fatores contribuem, aponta Vallejo, como o endividamento da população e o alto nível de inadimplência, que fazem com que os bancos se mantenham rigorosos na aprovação de fichas de potenciais compradores de automóveis. Olivo cita ainda que, no Brasil, a execução judicial para a retomada do bem é muito difícil e demorada, o que também desencoraja as instituições financeiras a concederem crédito nessa área.
 




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