O processo de cassação do prefeito eleito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), começou a refletir com força na cidade. Por precaução, o chefe do Executivo, Clóvis Volpi (PV), resolveu interromper a transição. O verde alega que a situação da Prefeitura não pode ser revelada a pessoas que correm o risco de não comandar o município.

As documentações solicitadas pelo grupo do PMDB serão repassadas somente aos vereadores Koiti Takaki (sem partido), chefe da equipe, e Vicentinho (PR), nome de Saulo para ser secretário de Administração.

Os parlamentares enviarão ofícios ao gabinete de Volpi pedindo as informações necessárias e depois distribuirão os documentos aos outros integrantes da transição. A metodologia foi acertada ontem em reunião na Prefeitura. O grupo de Saulo possui a relação de funcionários concursados e o balanço patrimonial.

Volpi afirmou que os trabalhos não foram interrompidos, mas apenas serão tocados de maneira diferente. "Nós não paralisamos, apenas mudamos a estratégia. Temos que aguardar a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral)", ponderou.

O prefeito eleito não aceitou a justificativa e declarou que a atitude do verde provou o anseio pelo poder. "Com a questão que há na Justiça eles sonham em permanecer na Prefeitura. O Volpi deveria admitir isso publicamente", destacou.

O chefe do Executivo negou que a "mudança estratégica" foi feita por questão política - o verde e o prefeito eleito são inimigos declarados. "O Saulo sempre acha que ele está sendo perseguido. Ele vê fantasma em tudo. Tomei essa atitude de uma forma legal", respondeu.

Koiti Takaki confirmou que houve interrupção nos trabalhos. Segundo ele, a ordem partiu da Secretaria de Assuntos Jurídicos. No entanto, diz acreditar que o fato não possui relação com o processo de cassação. "Isso é algo que veio do jurídico. Agora vamos fazer tudo via ofício", amenizou.

O secretário responsável pelo setor, Allan Frazatti, contrariou o vereador. "Hoje (ontem) a Rosana (de Lucca, nome de Saulo para a área) me ligou para marcar reunião com os procuradores. Da minha parte não houve ordem para suspensão", garantiu.

O advogado reiterou que recebeu comunicado do gabinete de Volpi para passar todos os documentos para Koiti e Vicentinho. "Não há motivo para a transição ser interrompida. Eu não dou ordens, apenas sigo a lei", reiterou Allan.

O CASO

Saulo Benevides responde a processo por abuso de poder econômico na eleição deste ano por supostamente usar jornal da cidade a seu favor e utilizar a estrutura da campanha para distribuir o material pela cidade.

A PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) manifestou-se pela cassação do prefeito eleito. O processo aguarda julgamento do TRE.