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Diadema atrasa entrega de leite para criança alérgica

Mãe da pequena Gabriela, 3 anos, briga na Justiça para que Prefeitura forneça papinha

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
15/07/2014 | 07:07
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André Henriques/DGABC


A pequena moradora de Diadema Gabriela Rodrigues de Assunção, 3 anos, sofre de alergia alimentar múltipla grave. Por conta da doença, apresenta reações a todos os alimentos que já experimentou. Sua única fonte de nutrição é um leite em pó importado, fornecido pela Prefeitura por meio de medida judicial. A entrega das 50 latas, que deveria ter sido feita na sexta-feira, só ocorreu ontem. Além disso, a família briga na Justiça há um ano com a administração municipal para que possa fornecer papinhas à criança.

“Meu sonho era ver minha filha comer um prato de comida normal”, disse a mãe de Gabriela, a dona de casa Daniela Rodrigues de Assunção, 32.

Cada lata de leite consumida pela menina custa, em média, R$ 200. “Tivemos direito ao benefício pelo Hospital Mario Covas até ela completar 2 anos. Então, entramos na Justiça para que a Prefeitura concedesse as 50 latas mensais.”

O processo foi vitorioso e há um ano o leite é disponibilizado pelo Executivo. Este foi o primeiro atraso, o que levou a mãe ao desespero, já que ela tinha apenas mais uma lata para alimentar a criança, que toma sete mamadeiras por dia. “A Gabi não consegue comer mais nada sem que passe mal. A garganta fecha e ela tem falta de ar.”

A Prefeitura afirmou que “o produto Neocate Advance estava estocado no almoxarifado e que, hoje (ontem) foi enviado à Secretaria de Saúde para que possa ser dispensado aos familiares da criança.” A mãe, porém, disse ter sido avisada pela reportagem do Diário sobre a disponibilização do produto para retirada.

A família também briga na Justiça para que a Prefeitura compre papinhas da mesma marca, já que a menina precisa iniciar a ingestão de alimentos sólidos. Cada uma custa R$ 600, sendo que a mãe pede duas por dia para intercalar com o leite, o que representa gasto de R$ 432 mil por ano.

O prefeito Lauro Michels (PV), que conhece o caso de Gabriela, disse que a Prefeitura não pode pagar as papinhas. “A gente nunca negou ajuda, mas tem o Estado e a União e a orientei pessoalmente a entrar com processo contra um deles.” Apesar da negativa, o orçamento de Diadema para a área da Saúde neste ano é de R$ 302,9 milhões.

ALERGIA
“A primeira vez que a Gabi tomou leite materno, já passou mal. Os médicos achavam que a alergia era somente à lactose, porém, ela não aceitava nenhum leite”, disse a mãe.

Após diversas internações e consultas médicas na Capital, Daniela conseguiu o diagnóstico de alergia múltipla com médica particular em Goiânia, quando Gabriela tinha 2 anos e meio.

Conforme a pediatra do ambulatório de alergia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Márcia Carvalho Malozzi, a doença é incomum. “A própria alergia alimentar é rara, e a múltipla é mais ainda. Porém, isso não significa que ela não possa ingerir outros alimentos. O tratamento consiste em se nutrir com essa fórmula e introduzir alimentos leves. O processo pode durar anos.”

Gabriela já apresentou rejeição a arroz e carne bovina, chegando à internação. Atualmente a família gasta R$ 4.000 mensais com o tratamento. 




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