Caçula de oito em uma família do interior de Minas Gerais, o Padre Fábio de Melo foi o único dos irmãos a nascer em um hospital. E uma das histórias mais pitorescas que sua mãe gosta de contar sobre o dia do parto em muito dialoga com a vocação do filho e, mais do que isso, com o momento em que ele experimenta criativamente.

Quando o menino veio ao mundo, o médico cantarolava: "Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui". "Nasci enquanto se tocava uma música do Roberto Carlos", resume o padre. Neste ano, "Estou Aqui", outra música de Roberto em parceria com Erasmo Carlos, emprestou o nome para o novo álbum do religioso (Sony Music, R$ 20, em média), o 16º de sua carreira musical.

As 13 faixas obedeceram a um critério muito particular para Melo. "São todas canções que marcaram a minha conversão, a minha relação com Deus. É, de todos os que gravei, o mais confessional", afirma o padre. E a letra de "Estou Aqui" deixa forte essa ideia. "Por isto meu amigo/Cada vez mais forte é a minha fé e a minha crença/Em toda parte encontro o seu olhar/Sua presença/E elevo o pensamento em oração", diz um trecho.

Melo também assina a composição de três músicas desse novo repertório (das quais duas em parceria com Robson Junior e Eros Biondini).

Embora não tenha estudado música - costuma escrever suas letras sem acompanhamento de instrumentos - e, em suas próprias palavras toque "muito mal" o violão, o padre segue de muito perto cada etapa dos arranjos e da produção dos discos. "Faço questão de acompanhar, conversar e explicar o que imaginei para cada música.

"Estou Aqui" culmina também em uma fase mais ‘luminosa' na produção criativa de Fábio de Melo. Em junho, discutiu sobre tristezas e insuficiências do ser humano no livro "Orfandades - O Destino das Ausências". "As pessoas falavam: ‘Nossa, como é triste esse livro. Mas depois foram aceitando melhor. A beleza mora um pouco na tristeza também", diz Melo, que acaba de lançar outro livro, agora de crônicas: "É Sagrado Viver".