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Bairro onde maníaco atacou vive sob o medo
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
30/11/2011 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Medo. A palavra faz parte do dia a dia dos moradores do Jardim Independência, em São Bernardo. O bairro foi palco dos dois últimos ataques do criminoso que passou a ser conhecido como maníaco da moto, responsável, segundo a polícia, por mais cinco casos de violência sexual na região: outro na cidade, dois em Diadema e dois em São Caetano. Como consequência, moradoras assustadas, portões trancados e ruas vazias.

"Nem no mercado nós vamos mais", apontou a dona de casa Luciana Coelho, 37 anos. Moradora da Rua Independência, onde ocorreu o último ataque do criminoso, no dia 8, ela admite que não pode ouvir barulho de motocicleta, não deixa os filhos brincarem na rua e mantém o comércio familiar funcionando com apenas meia porta aberta.

Fechar as portas do negócio foi a solução encontrada pela cabeleireira Rosana Bertolini, 40. Ela trabalha justamente para a última vítima do maníaco. "Não tem como deixar as portas abertas. Minha chefe está traumatizada com o que aconteceu, tem medo de estranhos, não gosta de conversar com ninguém." A falta de clientela, que não tem coragem de ir a pé para o local, e a ousadia do estuprador, que invadiu a casa, na parte superior do salão de beleza, forçaram o fechamento do salão.

"O jeito é deixar meu telefone. Quando alguém quer algum serviço, abro, atendo e logo fecho. Enquanto ele estiver livre, nossa rotina vai ser assim", afirmou.

JOVENS EM PÂNICO

A maior preocupação é com as crianças e adolescentes do bairro. Muitas não conseguem dormir e, assustadas com o que ouviram, não querem mais ir à escola. No horário de saída da Escola Estadual Julieta Viena Simões de Santana, a única de Ensino Médio no bairro, diversos pais vão buscar as filhas na porta, mesmo que já crescidas. "Minhas amigas não querem mais sair, estamos ficando em casa, conversando pelo telefone ou internet. Qualquer um que passa de moto a gente já pensa que pode ser o tarado. Sentimos que estamos sendo seguidas", disse a estudante Talita Santos, 19.

A solução encontrada é sempre andar em grupo. Quem trabalha na rua também adotou essa medida como forma de prevenção. As agentes de Saúde da Unidade Básica de Saúde da Vila Rosa, a mais próxima do bairro, pararam de fazer as visitas sozinhas e andam, no mínimo, em trio. "Se tem uma pessoa estranha na calçada, a gente atravessa para não passar por ela", disse Josi Amorim, 31.

Bandido tem duas motos para atacar

A polícia descobriu que o maníaco vem usando duas motos para realizar seus ataques na região: uma vermelha e outra preta.

É trabalhada a hipótese de que ele venha da Capital, mas não há confirmação. No Jardim Independência, moradoras contam que o bandido passeia regularmente pelas ruas, sempre armado. As características, pardo, forte e com o rosto cheio de cicatrizes, confere com o retrato falado divulgado pela Polícia Civil de Diadema.
Rafael Rabinovici, delegado seccional de São Bernardo, diz que a solução do caso pede paciência. "Precisamos apurar tudo com muita cautela e ter um reconhecimento por completo dele", disse.

Segundo ele, há um esforço conjunto entre as polícias da região para concluir o caso. "Temos o maior interesse no esclarecimento desse assunto à população", disse.




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