O apoio da maioria do diretório do PT de São Caetano ao vereador Edgar Nóbrega não deve ser suficiente para mantê-lo nos quadros da sigla. Desde que disse a frase "quanto custa ter o PT" em vídeo polêmico de diálogo com o então secretário de Governo Tite Campanella (DEM), que evidenciou suposto ‘mensalinho', petistas influentes querem a expulsão do parlamentar e não aceitam outra solução.

Desde agosto, quando a gravação foi divulgada na internet, o PT municipal convocou a comissão de ética para investigar o caso e ouvir a justificativa de Edgar. O grupo recebeu o resultado da Sindicância da Corregedoria Municipal e a defesa apresentada ao Ministério Público, que também apura o ocorrido. Porém, o grupo ainda não conseguiu levantar posicionamentos. A apuração deve ser encerrada antes do fim do ano.

"Eu não participo da comissão, mas sei que o Edgar será convocado para se explicar", comentou o presidente do PT de São Caetano, Marcio Della Bella.

Sobre o posicionamento de caciques petistas das executivas nacional e estadual pela expulsão de Edgar, o mandatário municipal pede que a postura fique mais clara. "Não tenho sentido essa pressão. Se tiver, ela precisa ficar clara para nos posicionarmos aqui no município. Até o momento eles deixaram a responsabilidade sobre o caso com a gente e têm respeitado as instâncias."

Edgar tem recebido conselhos internos para que evite o desgaste da expulsão, deixe o partido voluntariamente e tente retornar aos quadros da sigla após a resolução do caso. Porém, tem sido reticente à questão. "Não me vejo fazendo política fora do PT", disse o vereador. Della Bella nega que a manobra teria sido cogitada. "Não sei quem deu esse conselho, mas a decisão é dele. Tudo vai acontecer de maneira natural."

O caso - Tite gravou conversa com Edgar em meados de 2009. O petista teria pedido R$ 100 mil para chegar ao comando do PT e garantir oposição branda ao prefeito José Auricchio Júnior (PTB). A dupla também fala em repasses via os vereadores petebistas Paulo Bottura e Gérsio Sartori (de R$ 10 mil e R$ 2 mil, respectivamente), referente ao suposto ‘mensalinho'.

Edgar foi afastado da presidência do PT e pressionado a desistir da candidatura ao Palácio da Cerâmica. Tite pediu exoneração do cargo. Na sindicância do Paço, o democrata alegou ter provocado o petista a entrar nos assuntos e pediu desculpas. Os petebistas alegaram que os valores eram referentes a empréstimos específicos e já foram pagos. O relatório apontou o ex-secretário como o culpado por ferir a imagem da Prefeitura e arquivou o processo porque a punição seria a exoneração, que já havia sido executada.